O fim da civilização

Crise climática – Enquanto a Tasmânia, o menor estado da Austrália, anuncia a construção da Caixa Preta da Terra para contar a história da humanidade, caso a civilização naufrague (Estadão 14/12) devido as mudanças climáticas, as escolas têm trabalhado com afinco para a formação do cidadão consciente dos riscos que corremos.

Alunos do ensino médio da Carandá Educação, escola na zona sul de São Paulo, criaram uma estação meteorológica no terraço de cobertura da escola, onde começarão a monitorar o clima da região através da leitura dos dados coletados. ”A ideia é que essa estação meteorológica permaneça e seja cada vez mais sofisticada para os alunos que chegarão depois”, diz a professora de Física Paula Souza.  Além da estação, os alunos mais novos,  do fundamental 2, criaram o  coletivo @cvvsustentavel, pelo qual mobilizam seus seguidores a pensarem nas problemáticas do clima, da relação do homem com a natureza e da urgência na mudança de hábitos.

Para colaborar com as escolas no trabalho de formação e conscientização dos alunos sobre a iminente tragédia climática, a plataforma de filmes Tamanduá Edu  criou a série Cidades Possíveis que reúne em 13 episódios os objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela Agenda 30 da ONU. “Que cidade queremos? Que cidade vamos deixar para as futuras gerações? Como dar conta de uma urbanização cada vez mais intensa? A série aborda questões que envolvem novas possibilidades de vida nas cidades brasileiras através de práticas sustentáveis e criativas, apresentando casos concretos embasados pela visão dos vários atores envolvidos: agentes públicos, teóricos, organizações sociais e cidadãos”, diz a diretora Ana Gabriela Lopes. Segundo ela, um “prato cheio” para as escolas potencializarem o trabalho de conscientização dos alunos.

Em um dos documentários da série- Agenda 2030  – o filósofo e líder indígena, Ailton Krenak, diz que “quando a humanidade está lucrando, ninguém pensa na saúde do planeta. Perfuram o mar para tirar petróleo, acabam com as vidas nos oceanos e só prestam atenção à terra quando as tragédias começam a acontecer”.

As mudanças climáticas são uma das ameaças mais graves que a humanidade enfrenta. Elas estão aprofundando as desigualdades econômicas, sociais e de saúde, aumentando a frequência e a intensidade dos desastres naturais e, como adverte as Nações Unidas, ameaçando o abastecimento mundial de alimentos.

Nesta semana, o jornal americano New York Times criou um potente infográfico com 193 histórias que mostram a realidade das mudanças climáticas em todos os países do mundo. Cidades engolidas pela poeira, a humanidade afogada pelo mar, economias devastadas, vidas arruinadas.

Para o professor de geografia do Colégio Equipe, Antonio Carlos Carvalho, “não devemos responsabilizar os jovens pela situação que se encontra o planeta, que já sofreu mudanças milhões de vezes. Temos que ensinar aos nossos alunos a como conviver bem nele e, para isso, tem de conhecer melhor a terra”, diz. Os alunos, segundo o professor, já sabem que menos é mais. Que carro é um problema sério, que devemos consumir diferente e conviver bem com outras espécies. “Não adianta reciclar lixo, se não ocorrerem mudanças de hábitos”, alerta.

Professor de geografia do 8º ano na Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha), Pedro Ferreira aborda com os alunos “Preservar Para que?” e “Preservar para quem?” tendo como pano de fundo  a crise climática e energética. “Os alunos analisam o impacto do ser humano na terra e estão desenvolvendo uma proposta de jornal do futuro, que projeta o cenário daqui 50 anos”, afirma. Já no ensino médio, os estudantes estão analisando o consumo de energia das suas casas e classificando os aparelhos que mais consomem.

As escolas que trabalham com as crianças pequenas também estão atentas à degradação do nosso planeta. A coordenadora pedagógica da Escola Tarsila do Amaral, Patricia Bignardi, explica que as alunas e alunos têm em sua rotina a alimentação do minhocário, a produção de chorume e o cuidado com as hortaliças  e as árvores frutíferas da escola. “Cuidar do clima não é uma escolha pedagógica, mas algo necessário para que as gerações futuras possam viver cada vez mais em harmonia com o meio ambiente. A consciência sustentável nasce do convívio entre as crianças e a proximidade com a vida proporciona cuidado, proteção e preservação”, diz.

No Centro Educacional Pioneiro, os alunos começam, a partir do fundamental 1 a desenvolver projetos que conscientizam sobre os bons hábitos de consumo e dão luz  à sustentabilidade ambiental, social e econômica. “Nossos alunos reduzem os resíduos que vão para o descarte. Produzem sabão com o óleo que sobra da cozinha, fazem almofadas com tecidos impermeáveis de guarda-chuvas quebrados e com retalhos de tecidos confeccionam suportes para o celular”, conta a coordenadora de ciências, Marcia Sakay. Segundo ela, as atividades são pequenos exemplos de um trabalho de respeito ao planeta terra que permeia todo o currículo do Pioneiro.

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