Agência USP de Notícias


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Thu, 09 Aug 2018 13:44:36 +0000
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Equipamento analisa vinho sem abrir lacre da garrafahttp://www.usp.br/agen/?p=229197 Fri, 29 Apr 2016 21:00:19 +0000






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Obter informações sobre vinhos tintos sem violar o lacre da garrafa e sem comprometer o conteúdo, de forma que a garrafa ainda possa ser vendida após a análise, foi o objetivo de pesquisa do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. O trabalho da pesquisadora Esther Scherrer acompanhou a concentração de íons metálicos (como manganês, ferro e cobre) presentes no vinho e, com isso, inferiu se o local de produção é realmente aquele especificado no rótulo. Para fazer isso, utilizou-se um equipamento de ressonância magnética nuclear (RMN) semelhante àqueles usados em hospitais para exames clínicos. Terminada a medição, a garrafa de vinho continua exatamente como era antes.

Aparelho de ressonância dispensa abertura da garrafa para analisar vinho

O estudo analisou um total de 53 garrafas de vinho tinto, buscando a maior variedade possível entre países e tipos de uva, para observar qual dessas características surtia maior influência nos resultados. Íons metálicos estão naturalmente presentes em todas as bebidas que consumimos, sejam alcoólicas ou não, em concentrações variadas.

“O vinho não é uma bebida destilada, por isso a concentração de metais nele está diretamente ligada ao solo onde a uva foi plantada e também ao clima do local”, afirma Esther. “Diferentes locais de origem geram perfis diferentes de concentração de íons metálicos, sendo possível descobrir a origem do vinho olhando apenas para os íons metálicos.”

A pesquisa utilizou um equipamento de RMN muito semelhante aos utilizados em hospitais, só que menor. Enquanto o RMN para análises clínicas consegue analisar um ser humano inteiro deitado, este foi projetado para amostras com até 10 centímetros (cm) de largura. “O equipamento é basicamente um ímã gigante que observa como a amostra se comporta quando está dentro do seu campo magnético”, diz a pesquisadora. “Por isso, metais que interagem com ímãs – como o ferro e o manganês – podem ser observados nessas medidas.”

Medição
A garrafa é colocada inteira dentro dele e a medição dura em torno de dois minutos. O resultado é um gráfico que mostra o tempo de relaxação da amostra. Trata-se do tempo que a amostra demora para retornar à sua condição magnética inicial após ser irradiada com uma onda de rádio, nesse caso a onda foi de 9 Megahertz (MHz). “Quando esse gráfico é comparado a um banco de dados pré-existente, podemos saber a concentração aproximada de metais presentes na amostra”, ressalta Esther. “Realizou-se ainda as medidas invasivas do vinho, aquelas que precisam que a garrafa seja aberta. Os resultados obtidos em ambas as análises foram correlacionados para construir esse banco de dados que foi mencionado.”

A pesquisa comparou vinhos de diferentes países e observou que os gráficos de relaxação das amostras foram bastante parecidos entre vinhos do mesmo país, ou de localidade geográfica parecida. “Correlacionando esses gráficos com as medidas invasivas que fizemos, observamos que o íon metálico que mais influencia as medidas é o íon de manganês. Além de ter concentração mais expressiva que os demais íons ativos na RMN, sua interação com o campo magnético é bem maior que a dos outros íons em solução”, explica a pesquisadora. “Portanto, a classificação de vinhos tintos por país ou região de plantio é possível utilizando a Ressonância Magnética Nuclear, e acontece de acordo com a concentração de íons de manganês presentes na amostra.”

Segundo Esther, não existe muita aplicação industrial do método. “Antes do vinho ser engarrafado vale mais a pena realizar análises diretas de metais do que esperar o envase para depois realizar medidas de RMN”, observa. “O equipamento utilizado na pesquisa, em relação a aparelhagens similares para uso em embalagens fechadas, é mais comum, mais barato, mais fácil de ser operado e possui outras aplicações, como por exemplo a análise de frutas e sementes. Apesar disso, não é um equipamento que valha a pena ter em casa. Ele é bastante grande, cerca de 2 metros de comprimento, e ainda é caro para o consumidor comum.”

De acordo com a pesquisadora, num futuro próximo, o aparelho poderia ser usado em supermercados, onde o consumidor poderia analisar o produto desejado (seja vinho, azeite ou frutas frescas) antes de comprá-lo. “Havendo um banco de dados robusto e confiável, poderá ser desenvolvido um equipamento para que o consumidor analise a garrafa que tem interesse e descubra se ela realmente veio da origem que está no rótulo”, aponta. “O sistema é, portanto, poderá ser útil para combater falsificações antes que o consumidor pague pelo produto” A pesquisa é descrita em dissertação de mestrado Estudo não invasivo de vinhos tintos em garrafas lacradas através de RMN 1H no domínio do tempo e análise multivariada, orientada por Luiz Alberto Colnago, pesquisador da Embrapa Instrumentação e professor associado ao Programa de Pós Graduação do IQSC.

Foto: Wikimedia Commons

Mais informações: email esther_scherrer@yahoo.com.br, com Esther Scherrer

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Projeto mapeia resposta imunológica ao zika vírushttp://www.usp.br/agen/?p=229175 Fri, 29 Apr 2016 20:58:32 +0000





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A Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP recebeu, nos dias 28 e 29 de abril, seus parceiros, o inglês Daniel Altmann, do Departamento de Medicina do Imperial College (Reino Unido), e o norte-americano William Kwok, do Instituto de Pesquisa Benaroya (Seattle, Estados Unidos) para o início do desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus. O projeto inicial investirá no mapeamento da resposta imunológica que, até o momento, continua desconhecida pela ciência.

Projeto inicial investirá no mapeamento da resposta imunológica

Os três centros de pesquisa concentrarão esforços para entender o que leva algumas pessoas infectadas com o zika vírus a serem mais resistentes enquanto outra parcela de infectados é mais suscetível, desenvolvendo graves sintomas. O professor do Departamento de Bioquímica e Imunologia, João Santana da Silva, da FMRP, coordenador do projeto no Brasil, comenta que entendendo como ocorre esse controle, essa resposta imune, pode-se “intervir de forma a controlar a resposta da população mais suscetível ao vírus e fazer com que essas pessoas fiquem resistentes, chegando-se assim a uma vacina.”

Apesar de acreditar que a resposta imune de nosso organismo ao zika vírus seja completamente diferente da resposta à dengue, Santana da Silva diz que a experiência que já possuem com a dengue deve tornar mais rápida a construção de uma vacina contra o zika.

Pesquisa Básica
O professor adianta que existe grande quantidade de testes clínicos em andamento ou já realizados com a vacina da dengue, inclusive no Instituto Butantan, e que, dentro de um ano, essa vacina (dengue) deverá estar pronta. Ele afirma que a pesquisa que realizam hoje é básica. Mas é preciso saber como é realizada “a resposta imune dessas pessoas para entender como é a doença e a proteção para fazer a vacina.”

O professor saiu em defesa das autoridades sanitárias brasileiras e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelas rápidas ações para o controle dessa doença que oferece graves riscos ao sistema neurológico dos infectados como a Síndrome de Guillain-Barré e microcefalia. Para o projeto internacional que iniciam agora, só o lado brasileiro recebeu da Fapesp R$ 250 mil.

Santana da Silva diz que estão alertas para a gravidade do problema e que “não estão parados”. Existem várias linhas de ação, tanto em pesquisas para entender a doença, como para prevenir a microcefalia e também para a produção de vacinas.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: (16) 3315-3242

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Análise indica sintomas respiratórios em agricultoreshttp://www.usp.br/agen/?p=229129 Thu, 28 Apr 2016 21:30:22 +0000






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O município de São José de Ubá, no noroeste do Estado do Rio de Janeiro, tem cerca de 7 mil habitantes, a maioria na área rural. A economia da cidade é baseada na agricultura familiar, principalmente no plantio de tomates, com uso excessivo de agrotóxicos e parte da sua produção é comercializada com outros estados, inclusive São Paulo. A ocorrência de sintomas respiratórios e alterações da função respiratória em trabalhadores rurais e familiares expostos a agrotóxicos foi constatada em pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, realizada por Rafael Junqueira Buralli.

Em de São José de Ubá (RJ), plantio de tomates tem uso excessivo de agrotóxicos

“O cenário natural montanhoso da região favorece a mobilização dos agrotóxicos aplicados nas plantações, contaminando o solo do entorno da cultura e águas superficiais e subterrâneas”, conta Buralli. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 14,2% das residências daquela cidade têm condições de saneamento básico adequadas. O estudo apurou que grande parte da população está exposta aos agrotóxicos desde a tenra idade, seja por morar próximo das áreas de plantio, trabalhando diretamente, ou mesmo ajudando seus familiares. “No grupo dos produtores rurais, a maioria era do sexo masculino e afirmou trabalhar com agrotóxicos por várias horas por dia, principalmente no período da safra. A maioria dos familiares era do sexo feminino”. Foram avaliadas 82 pessoas (48 trabalhadores rurais e 34 familiares). Entre os trabalhadores rurais, 81,3% afirmaram ter contato com agrotóxicos no momento da pesquisa, sendo que 77,1% dos produtores e 94,1% dos familiares afirmaram estar expostos domesticamente aos agrotóxicos.

A maioria dos produtores e familiares era casada, com renda familiar de até dois salários mínimos, meeiros ou arrendatários de pequenas áreas, com baixa escolaridade e nunca recebeu treinamento ou orientações para manipular agrotóxicos. No momento da avaliação, na safra de 2014, 66% das pessoas apresentaram algum sintoma respiratório. Os mais comumente relatados foram crise de tosse (40,0%), rinite (30,7%), sensação de aperto no peito (24,0%), sensação de falta de ar (17,3%) e chiado no peito (13,3%). “Quanto às alterações da função pulmonar, 20% dos produtores e 22,2% dos familiares apresentaram algum distúrbio respiratório”, aponta o pesquisador. “Após análises estatísticas, as alterações respiratórias se mostraram significativamente associadas ao fato de a pessoa ser produtor, manipular agrotóxicos regularmente e da quantidade de horas trabalhadas por dia”.

De acordo com bases de dados oficiais de morbidade e mortalidade, as principais causas de morte entre 2004 e 2010 em São José de Ubá, foram as doenças do aparelho circulatório, do aparelho respiratório, neoplasias, causas externas, transtornos mentais e comportamentais, doenças do sistema digestório, disfunções endócrinas, metabólicas. “Quanto ao câncer, as neoplasias mais frequentes com o desfecho óbito do paciente foram as de pulmões, estômago e laringe”, observa Buralli.

Internações
Quanto às internações hospitalares no município, entre janeiro de 2008 e agosto de 2015, as causas mais comuns foram as doenças do aparelho circulatório, respiratório, genitourinário e digestivo, neoplasias e transtornos mentais e comportamentais. “Todas essas doenças já foram associadas à exposição aos agrotóxicos em outros estudos e podem estar relacionadas também em SJU”, destaca o pesquisador.

Segundo Buralli, a primeira providência a ser tomada para contornar o problema seria melhorar o apoio técnico e atenção à saúde das pessoas que manipulam esses químicos, fornecendo treinamento para lidar com esses produtos e organizando o sistema de saúde para atender as necessidades específicas das populações expostas, tanto na prevenção ou tratamento de doenças relacionadas à exposição aos agrotóxicos. “Na cidade, não há um banco de dados contendo registros de morbidade e mortalidade por causas ocupacionais, nem programa específico de vigilância, promoção de saúde, prevenção e redução de danos à saúde das populações expostas”, ressalta.

De acordo com o pesquisador, a segunda providência seria a implantação de políticas públicas mais restritivas quanto à comercialização e consumo de produtos agrotóxicos. “Hoje, o Brasil é líder mundial no consumo de agrotóxicos e comercializa diversas substâncias proibidas no mundo inteiro”, alerta. “Os efeitos disso não são sentidos somente pelas famílias rurais, mas também pela população em geral, que vive próximo a áreas de plantio ou consome produtos envenenados”.

A orientadora do estudo, descrito em dissertação de mestrado, foi a professora Helena Ribeiro, do Departamento de Saúde Ambiental da FSP. O trabalho, no entanto, é parte de um projeto de avaliação de risco à saúde humana por exposição a metais e agrotóxicos em São José de Ubá, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e coordenado pelo professor Jean Remy Daveé Guimarães, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da FSP e da UFRJ, também colaboraram pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNI-RIO) e Universidade de Brasília (UnB).

Foto: Wikimedia Commons

Mais informações: email rjbbr@yahoo.com.br, com Rafael Junqueira Buralli

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Estudo desenvolverá ferramentas para a sustentabilidadehttp://www.usp.br/agen/?p=229166 Thu, 28 Apr 2016 21:29:33 +0000






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Keite Marques, da Assessoria de Comunicação da EESC

Estudo mostra que as universidades não devem ser isoladas

No sentido de estimular a comunidade universitária a integrar ações sustentáveis, a fim de que seus membros tornem-se agentes multiplicadores de práticas de sustentabilidade, levando-as para comunidade externa da universidade, o professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, Tadeu Malheiros, consolidou uma pesquisa com a Universidade de Michigan (UMICH), nos Estados Unidos — considerada uma instituição modelo na área —, visando a formulação de ferramentas de avaliação e monitoramento de cultura de sustentabilidade.

As ações humanas decorrentes da ocupação urbana desordenada e de processos industriais têm alto potencial de degradação da saúde pública e do meio ambiente. Mas, felizmente, é possível alterar esse quadro por meio da incorporação de ações sustentáveis e de educação em sustentabilidade nos diversos âmbitos da sociedade.

Nesse contexto, as universidades não devem ser isoladas, e suas ações devem transpor os limites da academia na proposta de influenciar a sociedade na discussão de sustentabilidade, carregando a responsabilidade de contribuir com a sensibilização cultural e conhecimento das pessoas, bem como propor inovações tecnológicas e ferramentas a fim de direcioná-la para um desenvolvimento sustentável. O campus universitário deve, então, comprometer-se e atuar na educação e na pesquisa, apoiar a elaboração de políticas, a disseminação de informações e integrar-se à comunidade externa a fim de criar um futuro igualitário e sustentável.

As prefeituras e as diretorias das unidades dos campi da USP devem ser entendidas como modelo de sistemas de diagnósticos e monitoramento do consumo de recursos naturais, aspectos socioeconômicos e melhores práticas em sustentabilidade, por meio de seus processos de compras — prezando por produtos certificados em responsabilidade social e optando por produtos orgânicos e de produção local —, redução de consumo de papel e de produtos descartáveis, controle do desperdício de água e energia elétrica, entre outras ações de grande importância e em concordância com os conceitos da educação ambiental e de sustentabilidade.

Para alcançar esse patamar do modelo é necessário conceber ferramentas de avaliação e indicadores para diagnóstico e monitoramento da cultura de sustentabilidade. “A meta é propor um sistema integrado de indicadores para monitoramento de sustentabilidade em um campus universitário, com estudo de caso aplicado no contexto ao campus da USP em São Carlos, a fim de acompanhar a implementação da Política Ambiental da USP”, comentou o professor.

Ao final, o resultado será um Sistema de Indicadores de Sustentabilidade para Universidades dirigido aos tomadores de decisão nas instituições universitárias e outros segmentos da sociedade que desejem tomá-las como exemplo.

Participa ativamente dos trabalhos o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Sustentabilidade (NUPS) do campus da USP em São Carlos, que desde 2012 desenvolve atividades voltadas ao tema de campus sustentável em parceria com o Instituto de Sustentabilidade Graham da Universidade de Michigan. Essa parceria vem sendo consolidada por diversas atividades conjuntas, envolvendo professores, pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação de ambas as universidades.

Com informações do doutorando do NUPS Rodrigo Martins Moreira

Foto: Maicom Brandão

Mais informações: (16) 3373-6600 / 3373-6700; email comunicacao@eesc.usp.br

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Células de gordura podem inibir a formação ósseahttp://www.usp.br/agen/?p=229112 Wed, 27 Apr 2016 21:30:05 +0000










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Estudo foi publicado na edição de janeiro de 2016 do "Journal of Cellular Physiology"

Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP revela que substância encontrada em gordura inibe potencial de células-tronco para se diferenciarem em células ósseas. Num futuro próximo, a reposição de um pedaço qualquer de osso, seja a perda decorrente de acidente, doença ou envelhecimento natural, será possível com substâncias produzidas pelo próprio organismo humano. Essa previsão tem base: os avanços da terapia celular e da engenharia de tecidos.

Esse cenário ainda é futurista. Mas o grupo de pesquisa Biomateriais para Implante em Tecido Ósseo da FORP deu mais um passo rumo a essa realidade. O pesquisador e pós-graduando Rodrigo Paolo Flores Abuna, conseguiu identificar e comprovar em laboratório a ação de substância produzida por células de gordura, o fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa, do inglês Tumor Necrosis Factor) que reduz a formação de tecido ósseo por inibir a diferenciação de células-tronco em osteoblastos (células que dão origem aos ossos).

Procurando a melhor técnica de reparo ósseo, Abuna utilizou culturas de células-tronco mesenquimais, que têm capacidade de se transformar em células de diferentes órgãos, inclusive em células de ossos, de duas fontes diferentes: da medula óssea e do tecido adiposo (gordura do organismo).

Medula é a melhor fonte
As células-tronco mesenquimais foram extraídas de ratos e cultivadas em meios osteogênico e adipogênico. O pesquisador observou que, apesar das duas culturas apresentarem potencial para a diferenciação de osteoblastos, as células da medula óssea “exibiram maior expressão gênica de marcadores ósseos e formação de nódulos semelhantes ao osso”.

Nesses experimentos também se verificou que, em células de gordura, a formação das células ósseas era menor. Por fim, os pesquisadores observaram que células de gordura inibiam a diferenciação de células-tronco de medula óssea em osteoblastos e que o responsável por essa inibição é o TNF alfa. Essas células-tronco — da medula óssea e do tecido adiposo — representam hoje “uma ferramenta atraente para a reparação do tecido ósseo baseada na terapia celular”, adianta o pesquisador.

Segundo o professor Márcio Mateus Beloti, do departamento de Morfologia, Fisiologia e Patologia Básica da FORP-USP, orientador de Abuna, a substituição de parte da medula óssea por gordura, decorrente do envelhecimento, é fato reconhecido pela literatura, mas chama a atenção a informação nova de que o tecido adiposo exerce efeito inibitório sobre a diferenciação de células-tronco da medula óssea em osteoblastos (para renovar o tecido ósseo)”.

O professor lembra que a literatura mostra que células-tronco mesenquimais vindas do tecido adiposo são uma fonte de células para essas terapias. No entanto, continua o professor, “observamos que a medula óssea é de fato a fonte mais interessante para que se produzam terapias, pensando no reparo ósseo”.

Porém, Beloti faz questão de lembrar que tudo ainda é objeto de estudo para terapias futuras. Hoje, a Odontologia não oferece rotineiramente tratamentos que estimulam a regeneração do osso usando terapia celular. Porém, com base nas informações que a ciência vem produzindo, pode-se dizer que “a interação entre células de gordura e do osso” deve ser levada em consideração no caso de uma futura indicação de terapia nesse nível.

Benefícios ao idoso
Como provaram que existe “conversa” entre essas duas populações celulares e que ela compromete o tecido ósseo, Beloti lembra que esse fato pode direcionar mais atenção aos idosos, pois é no idoso que se verifica a substituição de parte da medula óssea por tecido gorduroso. As pessoas apresentam mais problemas de perda óssea e alterações hormonais (principalmente as mulheres) com o passar do tempo.

Tomando a sua área, a Odontologia, como referência, o professor adianta que o implante é um dos principais focos quando se pensa em reposição de dentes ausentes. E a população idosa, em geral a que mais necessita desses recursos, é a que apresenta o osso em condição mais precária para receber implantes. Assim, o desenvolvimento de terapias celulares de reconstituição óssea para essa área deverá considerar fatos como: essa é uma população com mais tecido adiposo e o balanço entre gordura e tecido ósseo tem papel relevante no processo de formação do osso. Beloti reforça que as respostas que obtiveram ainda são de testes in vitro.

Liderado pelos professores Adalberto Luiz Rosa e Paulo Tambasco de Oliveira, todos da FORP, o grupo de pesquisa vem testando terapias celulares tanto in vitro quanto in vivo. “Pode ser que esses resultados sejam confirmados em testes in vivo. Dependemos ainda de mais estudos para dizer com clareza”, enfatiza o professor.

O estudo desenvolvido pelo grupo foi publicado na edição de janeiro de 2016 da revista Journal of Cellular Physiology e também foi tema da dissertação de mestrado de Rodrigo Abuna, defendida na FORP-USP em 2014, com orientação do professor Beloti.

Além dos coordenadores, Rosa e Oliveira, o grupo de pesquisa Biomateriais para Implantes em Tecido Ósseo, certificado pelo CNPq, conta com os pesquisadores Beloti e Karina Fittipaldi Bombonato Prado.

Foto: Cecília Bastos

Mais informações: (16) 3315.4785

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Objetos apresentam grande quantidade de bactériashttp://www.usp.br/agen/?p=229120 Wed, 27 Apr 2016 21:29:45 +0000








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Aline Naoe, do USP Online

Bactérias estão presentes nas situações comuns e cotidianas

Botões de elevador, teclas de caixas eletrônicos, relógio de ponto biométrico. Locais aparentemente inofensivos se comparados às salas de isolamento, laboratórios e contêineres de lixo infectado são, na verdade, porto seguro para uma miríade de micro-organismos que causam as temidas infecções hospitalares. Foi utilizando uma tecnologia chamada sequenciamento de nova geração que uma equipe do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT) da USP conseguiu identificar uma quantidade surpreendente de bactérias em superfícies frequentemente tocadas com as mãos dentro do Hospital das Clínicas (HC), maior complexo hospitalar da América Latina, ligado à Faculdade de Medicina (FM) da USP.

Métodos modernos de biologia molecular, com equipamentos que conseguem ler rapidamente milhões de fragmentos de DNA ao mesmo tempo, permitem análises antes impossíveis de fazer. Assim, o grupo liderado pelo pesquisador Sabri Sanabani coletou amostras que resultaram na identificação de 926 famílias de 2.832 gêneros de bactérias. Algumas delas, como a Salmonella enterica e a Staphylococcus aureus, podem ser perigosas, inclusive, para pessoas saudáveis, como os familiares e servidores, “mas especialmente perigosos para os pacientes imunocomprometidos, como pacientes com câncer submetidos a quimioterapia, e transplantados e pacientes que são HIV positivo”, ressalta.

Segundo Sanabani, pela própria metodologia utilizada, sabia-se de antemão que o resultado seria um número grande de bactérias, já que o foco eram superfícies de contato de áreas de grande circulação. “No entanto, a enorme diversidade de população bacteriana foi uma verdadeira surpresa para nós”, afirma.

Os resultados do estudo, publicados no International Journal of Environmental Research and Public Health, foram encaminhados ao HC e a equipe já se colocou à disposição para fazer as análises novamente para avaliar melhoras na higiene.

Saúde pública
O pesquisador explica que é impossível haver um hospital livre de germes, mas aponta caminhos, como campanhas educativas que alertem sobre higiene. Ele sugere, por exemplo, uma voz automatizada nos principais ambientes do hospital, como corredores, salas de espera e pronto-atendimento, que chame a atenção para a importância da higiene das mãos.

Outra medida básica apontada pelo especialista é a limpeza. “A limpeza completa e eficiente remove mais de 90% dos microrganismos. Ela tem que ser realizada de uma forma padronizada, ou se possível, por meios automatizados para garantir um nível adequado de higienização”. Segundo Sanabani, um ponto fundamental é que exista ampla oferta de pias com sabão liquido e papel toalha, bem como álcool antisséptico.

A pesquisa chama a atenção para a necessidade de compreender melhor as comunidades de bactérias nos hospitais e de investigar como esses agentes são transmitidos de lugar para lugar e de pessoa para pessoa. “É extremamente importante ter um estudo como este realizado pelo nosso grupo, para podermos avaliar o estado atual dos ambientes hospitalares e identificar as áreas que se beneficiariam mais com uma higienização completa, ou em casos específicos, uma reforma”.

O estudo sobre contaminação em ambiente hospitalar foi pontual, já que a investigação é mais ampla e quer explorar toda população bacteriana que possa representar perigo para a saúde pública. Outro trabalho recente do grupo utilizou as mesmas técnicas para analisar notas de dinheiro e encontrou diversos agentes patogênicos oportunistas. “E estamos planejando iniciar um estudo para investigar o microbioma no sistema de ar condicionado nas diferentes linhas de metrô”, adianta Sabri Sanabani.

Foto: Cecília Bastos

Mais informações: email sabyem_63@yahoo.com, com Sabri Sanabani

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Agência USP integrará conteúdo do novo Jornal da USP na internethttp://www.usp.br/agen/?p=229147 Wed, 27 Apr 2016 21:04:14 +0000

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Jornal da USP na Internet na versão online a partir de 2 de maio

Caro assinante, a partir do dia 2 de maio, o conteúdo da Agência USP de Notícias será disponibilizado no novo portal de notícias da USP na internet, o “Jornal da USP”: www.jornal.usp.br

A nova plataforma virtual reunirá as informações e notícias sobre a universidade e as informações sobre as pesquisas aqui desenvolvidas. Em breve, você passará a receber, diariamente, uma nova newsletter com todas essas informações.

Aguarde!

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Corte de frios pode levar a contaminação por bactériahttp://www.usp.br/agen/?p=229089 Tue, 26 Apr 2016 21:00:17 +0000





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"Listeria" sobrevive a temperaturas muito frias e a alimentos com muito sal

Pesquisa da mestranda Daniele Faria, orientada pela professora Bernadette Franco, coordenadora do Centro de Pesquisa em Alimentos/ Food Research Center (FoRC) da USP, mostra como se dá a contaminação cruzada da bactéria Listeria monocytogenes no processo de corte de frios. A contaminação cruzada é o processo de transferência de micro-organismos de um alimento contaminado para outro não contaminado. No estudo, ela simulou em laboratório a contaminação cruzada em um fatiador de frios e conseguiu demonstrar que essa bactéria é transferida a duas centenas de fatias de rosbife cortadas por um aparelho contaminado com o micro-organismo.

O estudo comprova que, apesar de o processamento térmico desses alimentos ser suficiente para eliminar esse micro-organismo, a ocorrência de contaminação cruzada pós-processamento pode resultar em aumento do risco à saúde do consumidor. A Listeria monocytogenes é uma bactéria que pode colocar em risco a vida de pessoas com imunidade baixa e a dos bebês durante a gravidez. O micro-organismo é um patógeno que pode estar presente em alimentos prontos para o consumo, pois são mantidos em refrigeração e possuem longa vida de prateleira, favorecendo a multiplicação deste patógeno. “O Brasil precisa estudar melhor essa bactéria. Trata-se de um patógeno que sequer aparece nas nossas estatísticas epidemiológicas”, afirma Daniele.

A Listeria monocytogenes é causadora da doença listeriose, infecção que tem incidência baixa, mas alto grau de severidade e alto índice de mortalidade (20% a 30%) e cujos sintomas em um adulto normal são semelhantes aos da gripe.”Trata-se de uma bactéria que pode causar problemas sérios em gestantes, recém-nascidos, idosos e pacientes debilitados e imuno-deprimidos”, alerta. “No caso das gestantes, a listeriose materno-fetal ocorre com mais frequência no último trimestre da gestação. Os sintomas iniciais são semelhantes a uma gripe, com febre, mialgias e dor de cabeça, seguidos de complicações, como aborto, feto natimorto, nascimento prematuro e infecções neonatais”, explica.

Já alisteriose invasiva, se caracteriza por bacteremia, doença caracterizada pela grande presença de bactérias no sangue, com ou sem focos evidentes de infecção, ou por afetar o sistema nervoso central podendo causar meningite, meningoencefalite e abscessos no cérebro. “Afeta pincipalmente pacientes com mais de 50 anos, causando febre, alterações na percepção sensorial e dor de cabeça”, acrescenta.

Contaminação
Para estudar a extensão da contaminação cruzada, Daniele adquiriu uma peça de rosbife não contaminado, inseriu a bactéria em uma peça e a cortou. Depois de contaminado o cortador, ela passou a fatiar uma peça não contaminada. O processo foi feito em laboratório, mas em temperatura ambiente. Ela estudou cada uma das fatias, verificando quantas bactérias estavam presentes, e descobrindo que até a ducentésima fatia ainda havia presença da Listeria monocytogenes. “Apesar da transferência de bactérias de uma fatia para outra ir decrescendo, em número, a pesquisa mostra que a contagem na última fatia obtida é alta”, aponta.

Segundo Daniele, essa bactéria sobrevive a grande variação de temperatura — de quatro graus negativos até 50 graus Celsius. Portanto, o problema pode se dar tanto em locais onde as pessoas pedem o produto fatiado quanto para quem compra a peça inteira ou ainda fatiada e acondicionada em embalagens de isopor. “Se o alimento contaminado estiver em uma bandeja, a bactéria pode sobreviver ao processo de resfriamento”, completa. “A Listeria sobrevive a temperaturas muito frias e a alimentos com muito sal, então esse tipo de produto é ideal para ela se estabelecer”, diz.

Um dos principais objetivos de Daniele com a pesquisa é alertar as autoridades sanitárias no Brasil. “O País não tem legislação para garantir que produtos como o rosbife e outros frios estejam livres da Listeria, bem como exigir um processo de limpeza e sanitização adequados em locais de fatiamento, e não faz alertas para os grupos mais vulneráveis ao risco de contaminação”, conclui.

Criado em 2013, o FoRC é um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) reúne equipes multidisciplinares e infraestrutura laboratorial de diferentes instituições de pesquisa do Estado de São Paulo, como USP, Unicamp, Unesp, Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e Instituto Mauá de Tecnologia (IMT). Suas linhas de pesquisa estão estruturadas em quatro pilares: Sistemas Biológicos em Alimentos; Alimentos, Nutrição e Saúde; Qualidade e Segurança dos Alimentos; e Novas Tecnologias e Inovação. Atualmente, cerca de 30 pesquisadores integram o FoRC.

Da Acadêmica Agência de Comunicação – www.academica.jor.br

Foto: Wikimedia Common

Mais informações: (11) 5081-5237 / 5549-1863

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Novo material amplia controle de máquina em radioterapiahttp://www.usp.br/agen/?p=229059 Tue, 26 Apr 2016 20:59:03 +0000










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Gabriela Vilas Boas, do Serviço de Comunicação da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto

Material é resultado de pesquisa inédita e funciona como um dispositivo de memória

Em busca de maior eficiência para os detectores de radiação usados em máquinas de radioterapia, pesquisadores do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP desenvolveram novo material, a base de óxido de magnésio, com adição de Lítio, Cério e Samário e que adquire propriedades luminescentes e dosimétricas, capaz de registrar com precisão, e quantas vezes for necessário, a quantidade de radiação recebida. A ideia dos pesquisadores é que, no futuro, esse possa ser um importante instrumento no controle de qualidade das máquinas de radioterapia.

A radioterapia de intensidade modulada e a próton terapia são técnicas modernas utilizadas no tratamento de tumores. Essas técnicas permitem alcançar alvos específicos com altas doses de radiação, poupando o máximo possível os tecidos saudáveis. Esses tratamentos são sofisticados e exigem planejamento e programa de controle de qualidade complexos. Segundo especialistas, faltam detectores eficientes para isso, que consigam medir as doses de radiação emitidas pelas máquinas de radioterapia, capazes de reproduzir sozinhos a distribuição de dose planejada de radiação e que identifiquem e meçam alvos.

Segundo o físico Luiz Carlos Oliveira, esse é o resultado de pesquisa inédita e o material funciona como se fosse um dispositivo de memória. Quando submetido à radiação ionizante (radiação com altas concentrações de energia), o material sofre um processo de “gravação”, ou seja, informações são armazenadas no seu interior.  Se desejamos saber a quanto de radiação o material foi exposto basta ‘ler’ a informação registrada.  A leitura da informação armazenada no material é feita por meio da sua iluminação. “Quanto maior for a luz emitida de volta pelo material, maior terá sido a dose a que ele foi exposto”.

Para deixar mais claro o funcionamento do material, Oliveira faz uma analogia com uma fotografia. “Seria como produzir a imagem medindo a intensidade de luz de cada um dos seus milhões de pontos (pixels). ”

Dosimetria da radiação
Com características únicas, diz o pesquisador, esse novo material é adequado para a dosimetria da radiação ionizante, como o RX, por exemplo, em duas dimensões, a chamada dosimetria bidimensional, que faz a leitura de uma extensa área a ser medida.  Outro importante resultado apresentado pelo material desenvolvido no laboratório é a rapidez com que é possível fazer a leitura da quantidade dessa radiação. “Esse material é altamente sensível a radiação, pode medir desde doses muito pequenas até muito grandes, além de manter a estabilidade do sinal e também ser capaz de distinguir e medir alvos”.

Oliveira lembra que, atualmente, a determinação da distribuição de dose é uma dificuldade tecnológica. Outros laboratórios também trabalham para solucionar o problema e diversos tipos de materiais têm sido usados ou testados na dosimetria bidimensional em radioterapia. “É difícil medidas de precisão melhor que 5%, devido à combinação de fatores como, por exemplo, dependência com a energia de fóton, alcance dinâmico limitado, que é o trecho entre o valor mais escuro e o mais claro de uma imagem, instabilidade do sinal, condições de processamento”.

E o pesquisador comemora o feito do laboratório onde atua “o material que descobrimos supera esses fatores limitantes devido as suas propriedades intrínsecas. Trata-se de um material que reúne várias das características que os outros materiais apresentam separadamente, num único pacote”.  Oliveira lembra, ainda, que o óxido de magnésio acrescido de Lítio, Cério e Samário não se encontra disponível para comercialização, pois ainda é fabricado em escala laboratorial. “No momento somente nosso laboratório é capaz de reproduzi-lo”, diz Oliveira.

A pesquisa deu origem ao trabalho MgO: Li, Ce, Sma as a high sensitive material for Optically Stimulated Luminescense dosimetry que foi publicado no dia 14 de abril, na revista Scientific Reports do Grupo Nature.  O trabalho é resultado do pós-doutorado de Oliveira e foi supervisionado pelo professor Oswaldo Baffa Filho, da FFCLRP e contou com a colaboração do professor Eduardo Yukihara, da Universidade do Estado de Oklahoma, Estados Unidos.

Foto: Dina Wakulchik / Wikimedia Commons

Mais informações: (16) 3315-0384

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Novo teste simplifica medição de toxicidade na águahttp://www.usp.br/agen/?p=229062 Mon, 25 Apr 2016 20:59:38 +0000








http://www.usp.br/agen/?p=229062

Com colaboração de Ana Carolina Brunelli, da Assessoria de Comunicação da Esalq

O kit YTOX diagnostica rapidamente a presença de elementos tóxicos

A equipe do Laboratório de Química Ambiental do Departamento de Ciências Exatas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, vem desenvolvendo, há três anos, testes inovadores no método de avaliar a toxicidade em água e resíduos. O grupo encontrou uma forma de aperfeiçoar os testes tornando-o mais acessível, pois até então era necessário a tilização do Microtox, equipamento de alto valor, além de um kit de bactérias luminescentes. Os pesquisadores criaram um novo método, acompanhado de um kit denominado YTOX, no qual é possível diagnosticar rapidamente a presença de elementos tóxicos.

“O segredo foi utilizar levedura de panificação para nos ajudar a identificar as substancias”, conta Luiz Humberto Gomes, biólogo e especialista do laboratório. Enquanto pelo método Microtox se gasta R$250,00 por amostra, com o YTOX é necessário apenas R$10,00.

O método tem como base a rapidez do mecanismo de defesa das leveduras diante da exposição a qualquer agente tóxico, reduzindo a produção das desidrogenases (enzimas). “Toda essa detecção é realizada com a levedura e também a partir do reagente Cloreto de Trifenil Tetrazólio (TTC), que na presença das desidrogenases altera a coloração, passando do incolor ao vermelho”, conta o docente Marcos Yassuo Kamogawa, também parte da equipe.

Toxicidade
No kit YTOX, o indicativo é a levedura, que em contato com a água começa a crescer até entrar em contato com um agente tóxico. Nesse caso, ocorrem modificações em seu metabolismo e a produção de desidrogenase é reduzida. De acordo com a equipe, é nesse momento que se aplica o TTC, que na presença da enzima apresenta uma coloração vermelha. “Quanto mais forte a cor, significa que a toxicidade é baixa ou nula”, explicam.

“Na presença de agentes tóxicos o metabolismo da levedura é afetado e ocorre à diminuição da desidrogenase”. Consequentemente redução na conversão de TTC a Formazam [quando o composto altera a cor], resultando em uma solução sem coloração, ou vermelha menos intensa, dependendo da toxicidade”, descreve Gomes.

De acordo com o professor Kamogawa, a levedura utilizada nos testes, conhecida como Saccharomyces cerevisiae, que é a mesma utilizada na produção de etanol, pães e bebidas em geral, é um microorganismo eucarioto, ou seja, sua organização celular e o metabolismo apresentam muitas semelhanças com os seres humanos, sendo por isso um excelente “biotestador”, de modo que os resultados podem ser avançados para os seres humanos e beneficiar cada vez mais a sociedade. Em um futuro próximo, o YTOX poderá ser um grande aliado das indústria farmacêutica, cosmética e, principalmente, alimentícia.

As alterações do cenário hídrico mundial provocam reflexões sobre o uso da água, elemento indispensável a nossa existência. Além de suprir a sede do planeta, revitalizar a natureza, gerar energia e atender demandas econômicas diversas, a água enfrenta um constante problema, a contaminação.

Todo o lixo gerado e acumulado por pessoas e indústrias, muitas vezes, é depositado em áreas próximas dos leitos dos rios e reservatórios, ou seja, a própria ação humana é responsável por danificar uma de suas principais fontes de sobrevivência. No entanto, parte da comunidade científica se preocupa com esse estado de contaminação e busca métodos de avaliar sua toxicidade, com a finalidade de proteger a saúde humana e o meio ambiente.

Foto: Gerhard Waller /Esalq

Mais informações: (19) 3429-4109 / 3447-8613; email imprensa.esalq@usp.br

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Originalmente publicado em...