Como escolher a faculdade e o curso ideal? Veja dicas

Como escolher a faculdade e o curso ideal? Veja dicas

Matéria publicada pelo Estadão em 28/08/2023

Conheça os principais pontos a serem avaliados antes de definir a primeira graduação

Está aberta a temporada de inscrições para os principais vestibulares do País, o que significa que os estudantes do terceiro ano do ensino médio precisam tomar uma das decisões mais importantes de suas vidas acadêmicas: a escolha da graduação.

O peso ilusório de que o curso escolhido aos 17 ou 18 anos será a principal fonte de renda pelo resto da vida pode causar muitas dúvidas nos alunos. Por isso, é importante ter em mente que “a graduação é apenas uma etapa de algo maior que planejamos a longo prazo, e que não existe uma escolha só para toda a vida; e muito menos uma escolha certa ou errada. O que existe é uma escolha bem informada”, explica André Meller, coordenador e orientador pedagógico da Escola Carandá Educação.

Segundo o coordenador, existem três aspectos fundamentais que devem ser levados em consideração antes de definir qual faculdade fazer: autoconhecimento, informação curricular e vivência de mercado.

O primeiro passo para o autoconhecimento é fazer uma autoavaliação: o que mais lhe interessa na escola? Quais são os temas que você possui facilidade? Quais são as suas principais habilidades? Qual é a sua maior dificuldade? Isso pode te limitar em alguma profissão?

O autoconhecimento é uma ação que extrapola as experiências escolares. Portanto, considere também as vivências do dia a dia, os hobbies (como praticar esportes, jogar videogame e cozinhar, por exemplo) e a visão que as pessoas ao seu redor têm de você.

Após avaliar esses pontos e definir algumas opções de curso, é hora de pesquisar, e muito. Conferir as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Ministério da Educação (MEC) para o curso desejado pode ser um bom norte. Depois, vale a pena checar no portal e-MEC quais são as instituições com as melhores pontuações no Conceito Preliminar de Curso (CPC) – um indicador do MEC que avalia a qualidade dos cursos a partir da infraestrutura, dos recursos didáticos e pedagógicos e do corpo docente da instituição.

Grade curricular

A próxima etapa de pesquisa é analisar a grade curricular e o formato de vestibular das instituições de sua preferência. E chegamos, então, no último item da tríade: vivência de mercado. Procure conhecer, de maneira mais global, como é a rotina profissional do curso escolhido, quais são as possibilidades de atuação, qual é a média salarial e como essa profissão se relaciona com outras áreas de atuação.

Na Escola Nossa Senhora das Graças, conhecida como Gracinha, os alunos do ensino médio realizam essa análise com o suporte do Projeto de Vida, uma matéria implementada na grade curricular desde o primeiro ano do ensino médio.

No início do projeto, os estudantes analisam seus sonhos individuais e coletivos a partir de uma perspectiva ética, e passam por um menu degustação das grandes áreas de conhecimento, divididas em três itinerários: Ciências humanas e sociais aplicadas (área de maior interesse entre os alunos da escola), Ciências da natureza e matemática, e Linguagens.

Ao final do primeiro ano, o adolescente escolhe uma área de conhecimento para se aprofundar e começa a cursá-la no segundo ano. É possível trocar de área apenas uma vez, no meio ou no final da segunda série. Mas isso não ocorre com frequência: apenas 5 a 7% dos alunos mudam de área.

Ao longo dos dois anos de itinerário, os alunos pesquisam sobre a área de conhecimento escolhida, avaliam as possibilidades de atuação profissional, entrevistam profissionais atuantes no mercado e visitam instituições de ensino superior. “Na segunda e na terceira série, os alunos vivenciam ainda estágios sombras. Isto é, visitam profissionais da área de interesse e experimentam um pouco da rotina de trabalho”, conta Paulo Rota, coordenador pedagógico e orientador educacional do colégio.

A escola também oferece matérias eletivas que podem complementar o itinerário ou ampliar o estudo para outras áreas de conhecimento. Mais na linha do preparo para o vestibular, os estudantes ainda encaram diversos simulados ao longo dos anos, que exploram o modelo Fuvest, o formato Enem e configurações variadas de acordo com as universidades particulares de maior interesse entre os alunos.

Veja abaixo alguns direcionamentos sobre as diferentes áreas e a história de quem escolheu por cursá-las.

Ciências biológicas e saúde

Estudantes que possuem maior compatibilidade com as ciências da natureza (abordadas em matérias como biologia, física e química) e desejam atuar na área da saúde costumam ter o lado altruísta mais aflorado. “Existe um ideal muito grande nas pessoas que escolhem cuidar”, destaca Júlio Monte, diretor acadêmico do Ensino Einstein, universidade do Hospital Israelita Albert Einstein que oferece cursos como medicina, enfermagem, fisioterapia e odontologia.

Antes de definir se esta é a área de atuação da sua vida, porém, é importante estar ciente de todas as dificuldades relacionadas, principalmente se a profissão escolhida for medicina.

“O aluno estará exposto ao sofrimento humano, vai perceber desigualdades do sistema de saúde e, às vezes, acompanhar desfechos desfavoráveis. E isto faz com que, ao longo do curso, exista uma diminuição da empatia do estudante, algo comprovado pela literatura. Por isso, não é incomum vermos pessoas tecnicamente competentes mas com dificuldade para se comunicar, o que impacta a atividade assistencial delas”, avalia o diretor acadêmico.

No Einstein, a preocupação com as habilidades socioemocionais dos futuros médicos começa desde o processo admissional, que é dividido em duas etapas: vestibular e entrevista. Na segunda fase, o estudante passa por ambientes simulados para avaliação da empatia, da ética, do trabalho em equipe, da comunicação e do pensamento crítico. A nota atingida nesta etapa é eliminatória. Ou seja, mesmo que o estudante tenha sido o primeiro colocado no vestibular, se não atingir a nota mínima na entrevista, ele é eliminado.

Outro ponto a considerar em relação aos cursos da área da saúde é a alta concorrência, especialmente no caso da medicina. Entrar em um bom curso, tanto em universidades públicas como instituições privadas, exige muita resiliência. Isso porque a disputa acirrada faz com que muita gente passe bons anos estudando após o término do ensino médio. Foi o caso da Aline Aparecida dos Santos, estudante do 10º semestre de medicina no Einstein. Antes de conseguir bolsa de 75% na instituição, em 2020, Aline fez nove anos de cursinho.

No mesmo ano, Aline passou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também para medicina. Mas, como sair de São Paulo não fazia parte dos planos e ela já conhecia a infraestrutura do Einstein, optou por seguir a graduação na instituição privada.

“Um conselho que eu daria para quem deseja atuar na área da saúde mas ainda não tem certeza é: converse com um estudante. As pessoas costumam falar logo com um profissional, o que é muito importante também, mas o estudante vai te dar uma visão mais clara do dia a dia da graduação, especialmente se ele for da faculdade que você quer fazer”.

Ciências humanas e sociais

Quem tem bastante afinidade com disciplinas como filosofia, geografia, história e sociologia pode se identificar com muitas áreas relacionadas às ciências humanas e sociais. Dentre os cursos mais conhecidos desse segmentos estão o de Direito e os ligados à Comunicação

“O aluno que escolhe o curso de Direito, em geral, revela-se uma pessoa aguerrida, que conserva a capacidade de se indignar com as injustiças e demonstra disposição para combatê-las”, analisa Renata Rocha, coordenadora do curso na Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Esses estudantes são verdadeiros solucionadores de conflitos, e desejam contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária”.

Foi justamente essa motivação que guiou a estudante Manuela Mafra, aluna do sexto semestre de Direito da instituição. “Meu avô trabalhou como técnico de máquinas de escrever no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) e me contava suas experiências com juízes e advogados. Mas o que mais me chamou atenção foi o fato de meu avô sempre pontuar como essa carreira pode mudar vidas. Então, escolhi o Direito para ser a minha profissão”.

No caso da Comunicação, o perfil dos estudantes que optam por carreiras como jornalismo, publicidade e relações públicas se caracteriza pelo interesse nos debates da contemporaneidade, principalmente os de grande alcance público e social.

“Recebemos alunos vocacionados a refletir sobre as transformações do mundo do trabalho, passando também pelos aspectos políticos, culturais e tecnológicos”, avalia Wiliam Pianco dos Santos, coordenador dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e tecnólogo de Comunicação Institucional do Centro Universitário FMU | FIAM-FAAM.

Para o estudante de jornalismo Felipe da Costa Rico, o interesse pela área surgiu a partir do gosto por ler, escrever, contar histórias e simplificar temas complexos. Cursando o último semestre de jornalismo no Centro Universitário FMU| FIAM-FAAM, ele dá uma dica importante para quem ainda está em dúvida sobre qual profissão seguir.

“Assista a uma aula do curso antes de definir a sua graduação. Viver o ambiente na prática também irá possibilitar conversas com alunos e professores”, aconselha.

Existem algumas instituições que permitem a entrada do público geral em suas dependências. Mas, se a faculdade que você pretende frequentar libera a entrada apenas para alunos e funcionários, uma alternativa é procurar por palestras e eventos promovidos pela própria instituição e que abordem a área de atuação do seu interesse.

Exatas e Games

A área de ciências exatas engloba desde cursos mais tradicionais, como as engenharias, até os mais modernos, como o de jogos digitais – todos seguindo os avanços tecnológicos e os impactos que isso tem para a sociedade.

Nesse aspecto, uma das escolhas mais representativas da área é a engenharia mecânica. “Atrai estudantes que gostam de automóveis, aviões, foguetes, robótica, energias renováveis, materiais, impressão 3D, processos de transformação e atividades relacionadas à indústria e à simulação”, afirma João de Sá Brasil Lima, coordenador do curso no Instituto Mauá de Tecnologia.

Foi essa atuação ampla que despertou o interesse de Amanda Souza Fernandes, aluna do último semestre. “Pude desenvolver diferentes conhecimentos e capacitações, uma vez que a grade curricular contempla projeto de maquinários, termodinâmica, dinâmica dos fluídos e outras físicas que me proporcionaram um panorama da área”.

Já para Pedro Bissolotti Vendrasco, estudante do terceiro ano de engenharia química no Instituto Mauá, foi a especificidade da área que lhe brilhou os olhos. Após analisar a grade curricular, desistiu de fazer o bacharel em química, por ser mais teórico, e decidiu apostar na engenharia química, que aborda a efetiva resolução de problemas associando conceitos matemáticos e químicos.

“Um dos principais conselhos que daria para quem se interessa por engenharia química é pesquisar muito sobre o curso e sobre suas diferenças com áreas semelhantes, como a própria química. Apesar de não parecer, são áreas que abrangem aplicabilidades muito distintas”, reforça.

Para quem pensa em unir o gosto pela matemática com a diversão, estudar jogos digitais pode ser uma boa opção. “É um curso abrangente. Os alunos e alunas aprendem sobre o processo de desenvolvimento de um jogo como um todo (brainstorming, roteiro, desenho, modelagem, animação, programação, desenvolvimento na engine, som, monetização, entre outros) de forma prática, com conhecimento atualizado, principalmente relacionado a tecnologia”, explica Giovanna Saggiomo, coordenadora do Bacharelado em Jogos Digitais do Centro Universitário Senac – Santo Amaro.

Para Felipe Andrey Miranda Nunes, recém-formado no curso do Senac, o mercado de jogos carece de profissionais que possuam essa visão mais ampla. “Precisamos de pessoas que saibam contar, escrever, programar, desenhar, modelar e estruturar boas histórias, para que, aqueles que forem experimentá-las jogando, possam emergir e se sentir importantes para o mundo”.

A área de ciências exatas engloba desde cursos mais tradicionais, como as engenharias, até os mais modernos, como o de jogos digitais – todos seguindo os avanços tecnológicos e os impactos que isso tem para a sociedade.

Nesse aspecto, uma das escolhas mais representativas da área é a engenharia mecânica. “Atrai estudantes que gostam de automóveis, aviões, foguetes, robótica, energias renováveis, materiais, impressão 3D, processos de transformação e atividades relacionadas à indústria e à simulação”, afirma João de Sá Brasil Lima, coordenador do curso no Instituto Mauá de Tecnologia.

Foi essa atuação ampla que despertou o interesse de Amanda Souza Fernandes, aluna do último semestre. “Pude desenvolver diferentes conhecimentos e capacitações, uma vez que a grade curricular contempla projeto de maquinários, termodinâmica, dinâmica dos fluídos e outras físicas que me proporcionaram um panorama da área”.

Já para Pedro Bissolotti Vendrasco, estudante do terceiro ano de engenharia química no Instituto Mauá, foi a especificidade da área que lhe brilhou os olhos. Após analisar a grade curricular, desistiu de fazer o bacharel em química, por ser mais teórico, e decidiu apostar na engenharia química, que aborda a efetiva resolução de problemas associando conceitos matemáticos e químicos.

“Um dos principais conselhos que daria para quem se interessa por engenharia química é pesquisar muito sobre o curso e sobre suas diferenças com áreas semelhantes, como a própria química. Apesar de não parecer, são áreas que abrangem aplicabilidades muito distintas”, reforça.

Para quem pensa em unir o gosto pela matemática com a diversão, estudar jogos digitais pode ser uma boa opção. “É um curso abrangente. Os alunos e alunas aprendem sobre o processo de desenvolvimento de um jogo como um todo (brainstorming, roteiro, desenho, modelagem, animação, programação, desenvolvimento na engine, som, monetização, entre outros) de forma prática, com conhecimento atualizado, principalmente relacionado a tecnologia”, explica Giovanna Saggiomo, coordenadora do Bacharelado em Jogos Digitais do Centro Universitário Senac – Santo Amaro.

Para Felipe Andrey Miranda Nunes, recém-formado no curso do Senac, o mercado de jogos carece de profissionais que possuam essa visão mais ampla. “Precisamos de pessoas que saibam contar, escrever, programar, desenhar, modelar e estruturar boas histórias, para que, aqueles que forem experimentá-las jogando, possam emergir e se sentir importantes para o mundo”.