Caso Elon Musk prova a urgência da educação midiática

Caso Elon Musk prova a urgência da educação midiática

O imbróglio entre o bilionário Elon Musk com o ministro do STF Alexandre de Moraes é a prova da importância da educação midiática. O tema também foi pauta do último seminário organizado pelo Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, ocorrido na última segunda-feira, dia 8. O evento abordou uma ampla gama de assuntos, incluindo liberdade de expressão, desinformação, regulação, a proteção de crianças e adolescentes, o uso de tecnologia em sala de aula e o papel das plataformas digitais.

Com o crescimento da influência das redes sociais e das plataformas digitais, os governos ao redor do mundo expressam crescente preocupação, enfatizando a importância da incorporação da educação midiática nas escolas. É crucial assegurar que crianças e jovens possam discernir a veracidade das informações geradas por inteligência artificial e desenvolver um pensamento crítico robusto para combater a desinformação.

”Até recentemente, lidávamos com o desafio de discernir informações falsas das verdadeiras, e distinguir entre o conhecimento produzido por especialistas e as suposições propostas por curiosos. No entanto, hoje enfrentamos um desafio ainda maior, pois modelos de linguagem baseados em inteligência artificial são capazes de mesclar essas duas dimensões. Textos gerados por IA com informações inverossímeis muitas vezes apresentam elementos que transmitem credibilidade. É como se um ator vestido de cientista entrasse em uma sala de aula e comunicasse falsas descobertas científicas usando todo o aparato da linguagem científica. Essa situação se replica milhões de vezes todos os dias nas redes sociais, com pequenas variações entre cada instância” diz Renato Russo, pesquisador do TLTLab e doutorando no Teachers College.

No Centro Educacional Pioneiro, alunos do Ensino Fundamental I ao Ensino Médio participam há 13 anos do Programa de Cidadania Digital. Ele capacita professores e alunos, além de engajar a comunidade escolar na jornada de educação midiática dos estudantes. Os professores do Ensino Fundamental I promovem encontros semanais que se integram ao currículo escolar, visando orientar os alunos sobre o uso responsável e seguro do mundo digital. O programa é estruturado em eixos temáticos que abordam de maneira prática e concreta temas como segurança digital, proteção de dados, saúde digital, privacidade e vigilância, uso ético e consciente, verificação de informações e liberdade de expressão. As aulas são pensadas para fomentar habilidades de leitura crítica através de desafios que culminam na criação reflexiva de mídias ou produtos.

Fernanda Bocchi, Coordenadora de Tecnologia Educacional do Pioneiro, destaca a capacidade dos alunos em identificar fontes confiáveis e atuar como cidadãos inteligentes no espaço digital. “Nossos alunos, ainda em formação, já demonstram uma consciência notável sobre internet segura e são proativos em suas análises sobre como interagir, analisar e criar conteúdo digital de maneira segura.”

Outra iniciativa é do Colégio Magno/Mágico de OZ, onde a educação midiática também é priorizada. Lá, um grupo de alunos do Ensino Fundamental ao Médio criou uma equipe, Os Alunos Tutores de Tecnologia, que compartilham conhecimento sobre tecnologia, engajam-se em atividades comunitárias e dialogam com pais sobre segurança online e cidadania digital.

Na escola Nossa Senhora das Graças, o Gracinha, utiliza-se o programa EducaMídia, fundamentado em três pilares: leitura reflexiva da informação, produção responsável de conteúdo e participação cidadã. Com a ascensão da Inteligência Artificial, a escola introduziu o conceito de “letramento algorítmico” para alunos e professores, com objetivo de criar uma compreensão crítica das máquinas “inteligentes”, saber o impacto dos algoritmos na acessibilidade da informação e descobrir como a tecnologia pode intensificar desigualdades. 

Cláudia Rossi, consultora de tecnologia educacional da escola, ressalta a importância de desenvolver nos alunos habilidades para acessar, analisar, criar e participar criticamente do ambiente informacional e midiático. “Almejamos preparar nossos alunos não apenas para consumir informação, mas para questioná-la, dominar as linguagens que nos dão voz e participar ativamente da sociedade conectada, utilizando a internet como um espaço de cidadania.”

Essas iniciativas refletem um movimento essencial para equipar os jovens com as ferramentas necessárias para navegar com segurança, confiança e pensamento crítico no mundo digital.