Educação Antirracista na Primeira Infância

Educação Antirracista na Primeira Infância

A educação antirracista na escola precisa começar pela primeira infância, avançar para o ensino fundamental e, tão importante quanto, envolver a formação contínua das educadoras. Este modelo de ensino é um dos pilares da Escola Tarsila do Amaral, em São Paulo, onde o tema é tratado pedagogicamente logo na primeira infância.

Um dos principais objetivos da escola quando se fala de antirracismo é desmantelar o preconceito desde cedo, integrando no currículo escolar, a cultura africana e afrodescendente. Patrícia Bignardi, coordenadora pedagógica da escola, destaca a importância desse trabalho. “Entendemos que o racismo é uma questão histórica, profundamente enraizada na nossa cultura. Muitas pessoas não percebem suas ações como racistas, e é aí que a nossa educação desde cedo faz a diferença”, explica.

Desde muito cedo, os alunos são expostos a brincadeiras, músicas, histórias e até culinária que refletem as ricas tradições da cultura negra em nosso país. “Procuramos trazer sempre a cultura negra para dentro da escola. É uma forma também de corrigir conceitos equivocados sobre todo o continente africano, que é de uma diversidade imensa”, comenta Bignardi.

O compromisso da escola com a educação antirracista também inclui uma formação contínua dos educadores. Os professores criaram o grupo de estudos “GETA em Movimento” (Grupos de Estudos Tarsila do Amaral), um espaço para que professores discutam e aprofundem seu entendimento sobre questões raciais e culturais. “Nós criamos um ambiente de questionamento e aprendizado contínuo, vital para podermos liderar pelo exemplo e ensinar com consciência”, conta a coordenadora.

No ensino fundamental, essa educação se expande para incluir uma análise crítica da história do racismo. “É essencial contar para as crianças sobre o início do racismo, que é tão forte que se tornou estrutural. Começamos desde a colonização do Brasil, mostrando não apenas a escravidão, mas também a valorização da cultura africana e indígena”, diz Patrícia.

A participação dos alunos é encorajada por meio de projetos interativos, como, por exemplo, a produção de um documentário onde os alunos investigaram o conhecimento de toda comunidade escolar sobre cultura e história africana. “Foi um trabalho significativo, onde as crianças levantaram questões importantes e se envolveram ativamente na luta antirracista. Quando as crianças aprendem a verdadeira história, e não a versão folclórica que muitas vezes é ensinada, elas se tornam adultos mais conscientes e críticos. É assim que podemos construir uma sociedade mais justa para todos.” conta Patrícia.