Família uspiana do Direito e da Engenharia

Sara Rodriguez, doutora pela Escola Politécnica (Poli) da USP

Queria parabenizar os 90 anos da USP, que é uma Universidade de excelência além de ser importante pessoalmente para mim, pois eu nem existiria se não fosse pela USP. Vou contar um pouco da minha história, talvez vocês se interessem ao menos em parte dela.

Meus pais se conheceram na Faculdade de Direito (FD) da USP, minha mãe se formou na turma de 1969 e meu pai em 1968, minha mãe foi caloura do meu pai. Das histórias que eles me contavam, tinha a que minha mãe se vestia de bruxa na peruada, a que o meu pai participou da mudança da estátua O Beijo Eterno, a que participaram da tomada da Universidade da época da ditadura. Essas histórias são interessantes para vocês contarem. Sobre a estátua, tem material na internet sobre ela e vi em algum lugar foto dos estudantes carregando essa estátua.

Eu não queria fazer Direito como os meus pais, então entrei na Engenharia do Mackenzie, porém prestei prova de transferência e entrei na Poli-USP, pensei em prestar para Engenharia de Minas por ter menos concorrência, mas eu queria ir pra Engenharia Química. Assim que entrei pela prova de transferência, tentei me mudar para a Engenharia Química, então achei melhor me manter no Mackenzie e prestei novamente vestibular lá. Acabei conseguindo ir pra Engenharia Química e continuei Engenharia Mecânica no Mackenzie e assim terminei a Poli em 4 anos e o Mackenzie em 5 anos e meio. Entrei na USP em 2003, em 2004 conheci o Rodrigo, um veterano da Poli Química, que se tornou meu marido, ele fez mestrado na Engenharia Química e eu acabei fazendo mestrado e doutorado na Engenharia Mecânica na USP. Meu marido também chegou a fazer Direito na USP.

Meu marido atualmente trabalha na Petrobras e eu trabalho como perita criminal na polícia técnico científica, ou seja, eu fiz de tudo para fugir da área do Direito, mas não consegui, e estou agora mesmo aguardando para participar de uma audiência relacionada ao meu trabalho.

Também aconteceu de nos anos de 2016 e 2017, eu ter passado por assédio moral no meu trabalho, foi muito difícil para mim, eu estava perdendo a minha voz e fui ao médico, ele me orientou para ir com urgência a um fonoaudiólogo, a minha fono, depois de um tempo exaustivo de tratamento, me falou para participar de um coral, e assim fui participar do CoralUSP. Inicialmente, eu nem sabia cantar, mas tive um excelente regente, o Tiago Pinheiro, que não só me ensinou a cantar como resolveu o meu problema. Eu mudei de setor no meu trabalho, nunca mais passei por assédio moral e adorei participar do coral, que só dei uma breve pausa por causa do nascimento da minha filha que está com 8 meses, quem sabe uma futura uspiana.

Dessa forma, tenho um carinho imenso pela USP, por cada experiência que pude ter relacionada com pesquisa e desenvolvimento, pelo aprendizado, pela interação com os meus colegas e mesmo sem muito tempo disponível por estar sempre trabalhando ou até estudando em outra faculdade ao mesmo tempo, nunca deixei de aproveitar a universidade em todos os aspectos, só tenho a agradecer.

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