Superação do analfabetismo: O MEC e a iniciativa voluntária da educação privada

Superação do analfabetismo: O MEC e a iniciativa voluntária da educação privada

A recente publicação do relatório *Education at a Glance 2024* pelo Ministério da Educação (MEC), que inclui o Pacto Nacional pela superação do analfabetismo e qualificação pela educação de jovens e adultos (EJA), destaca a urgente necessidade de enfrentar o analfabetismo no Brasil. Este pacto reforça a importância de iniciativas públicas para a inclusão de pessoas que não tiveram acesso adequado à educação. Em paralelo, projetos voluntários de instituições privadas de ensino também têm desempenhado um papel crucial. Um exemplo significativo é o Projeto 26 Letras, oferecido pela Escola Carandá Educação desde 2016.

O projeto é um programa gratuito voltado para jovens e adultos que, por diversos motivos, interromperam seus estudos. A proposta vai além da simples alfabetização. Segundo Eliane Romualdo, coordenadora do 26 Letras, o principal objetivo é resgatar a autoestima e o desejo de aprender, preparando os alunos para o ingresso no EJA e, assim, para a conclusão da educação básica. “Muitos alunos têm o desejo de retomar os estudos, mas, antes de buscar um certificado oficial como o do EJA, precisam resgatar a confiança”, explica Eliane.

Diferente das iniciativas governamentais, que seguem diretrizes estabelecidas pelo MEC, o Projeto 26 Letras se destaca por sua abordagem comunitária e colaborativa. “Ele começou para atender funcionários da própria escola que não haviam sido alfabetizados, mas logo se expandiu para a comunidade externa”, conta Eliane. Hoje, voluntários, incluindo alunos do ensino fundamental, ex-alunos, pais e até funcionários da escola, dedicam-se a transformar vidas por meio da educação.

O curso não se limita às disciplinas tradicionais como Português e Matemática. “Além das bases, como português, matemática, ciências e artes, também abordamos temas como direitos trabalhistas e regulamentação do trabalho doméstico, trazendo advogados para falar com os alunos, por exemplo”, explica Eliane. Essa perspectiva multidimensional visa ampliar o entendimento dos alunos sobre o mundo e preparar aqueles que desejam se reintegrar ao mercado de trabalho, especialmente com o suporte da inclusão digital.

Embora não ofereça certificação formal, como o EJA, o 26 Letras prepara seus alunos para ingressarem no ensino formal quando estiverem prontos. “Tivemos um aluno que, depois de passar pelo projeto, fez o ENCCEJA, tirou o diploma do Ensino Médio e hoje é professor de educação física. Isso mostra que nosso trabalho de resgate da confiança e autoestima é eficaz”, afirma Romualdo.

O projeto, segundo a coordenadora, demonstra o poder das ações voluntárias e da colaboração entre instituições privadas e a comunidade. “Embora iniciativas como o 26 Letras não sejam formalizadas pelo MEC, elas complementam os esforços do governo para erradicar o analfabetismo e mostram que, com dedicação e apoio, é possível transformar vidas. Ao promover esse tipo de educação inclusiva e gratuita, a sociedade amplia as oportunidades de quem mais precisa”, diz.