Escola estimula educação financeira em projeto prático, acompanhando tendência global.
Dados divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em julho deste ano, mostram que 55% dos adolescentes brasileiros de 15 anos apresentaram bom desempenho em educação financeira, no entanto, 45% ainda enfrentam dificuldades.
Para Selma Alfonsi, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio no Centro Educacional Pioneiro, “a educação financeira é fundamental na formação do aluno. A preparação para a cidadania não se limita a conteúdos acadêmicos, e deve ir além. Por meio da educação financeira e do empreendedorismo, os alunos conseguem ter uma melhor percepção do mundo real, do dia a dia. Quanto antes desenvolverem essa percepção, melhor será para seu crescimento e formação.”
Alunos do Ensino Fundamental 2 da escola estão participando do Projeto Trilha, criado com o intuito de promover atividades que estimulam a educação financeira e a visão empreendedora dos estudantes. “Pensamos em uma atividade que engajasse a turma como um todo, em torno de uma finalidade comum. Pensamos em atividades que pudessem fazê-los angariar fundos para financiar, ao menos em parte, uma viagem no final do ano. Com um propósito bacana, fica mais fácil envolvê-los”, conta Selma.
Os estudantes, todos na faixa de 14 e 15 anos, começaram o projeto com a venda de doces e salgados durante os intervalos de aula e em eventos escolares. O objetivo é custear a viagem de final de ano. Dentro da sala de aula, os alunos estudam matemática financeira e aprendem sobre os insumos dos produtos que irão vender, analisando as quantidades e preços de cada item. Assim, conseguem precificar de forma mais consciente e precisa os produtos que comercializam.
Para o projeto fluir, os alunos se organizaram em três grupos: os responsáveis pelas finanças, os que gerenciam a divulgação e os que cuidam da organização. Toda a renda obtida é depositada em uma conta corrente aberta por um dos alunos, que também é responsável pela prestação de contas às turmas envolvidas no projeto. Somente neste ano, o projeto conseguiu custear 50% de uma viagem de quatro dias para o litoral norte de São Paulo. O projeto conta com suporte direto da coordenação e de uma equipe de professores que se reúnem quinzenalmente para garantir que o desenvolvimento ocorra de forma organizada e que os alunos se sintam seguros.
Para Júlia Sayuri Tanaka, uma das alunas que participou do projeto, a experiência trouxe bons aprendizados. “Trabalhar em equipe com mais de 50 pessoas foi um desafio, mas trouxe ensinamentos como cooperação. Quando um tinha dificuldade, o outro ajudava, e isso fez o grupo ficar mais unido. Depois do Projeto Trilha, comecei a economizar mais e a repensar se vale a pena comprar certas coisas. Também me interessei muito mais por investimentos, algo que não fazia antes.”
Felipe Fukushima Dutra Rodrigues, outro aluno participante, também viu uma mudança na forma de gerenciar suas finanças. “O projeto me trouxe muitos ensinamentos sobre organização financeira. Aprendi a ler melhor antes de investir e a colocar tudo numa planilha, o que me deixou preparado para me tornar um bom empreendedor.”.
Para os próximos anos, Selma conta que a ideia é aprimorar e expandir o projeto para outras séries. “Pretendemos além de expandir e aprimorar, criar projetos semelhantes para outras turmas.”