Educação global sem rótulos: como escolas brasileiras inovam no ensino de idiomas
Enquanto cresce o número de escolas brasileiras que aderem ao modelo bilíngue ou internacional, algumas instituições têm seguido um caminho diferente, provando que é possível alcançar excelência no ensino de idiomas sem renunciar a suas identidades locais. Essa abordagem ganha ainda mais relevância em um momento em que o Ministério da Educação (MEC) incentiva práticas de internacionalização na educação básica, destacando a importância de preparar os alunos para um mundo globalizado sem necessariamente adotar selos bilíngues.
A Escola Vera Cruz é um exemplo. Apesar de não se declarar uma escola bilíngue, forma alunos que chegam ao ensino médio com fluência em inglês. Desde a educação infantil, o idioma é ensinado de maneira estruturada, culminando em certificações de Cambridge no final do 9º ano e novamente no 2º ano do médio. A coordenadora pedagógica do ensino médio, Ana Bergamin, enfatiza que essa tradição, cultivada desde a fundação da escola, permite que os estudantes transitem com facilidade entre o português e o inglês, tanto em contextos acadêmicos quanto no mercado de trabalho. Além disso, a escola promove um aprendizado inclusivo, organizando turmas de acordo com o nível de proficiência e garantindo que mesmo alunos com formação linguística inicial possam alcançar altos níveis de competência.
No Gracinha, a integração entre o ensino de inglês e as outras disciplinas transforma o aprendizado em uma experiência interdisciplinar. Ekatherina Ugnivenko, assessora de línguas da escola, explica que o idioma é utilizado como ferramenta em projetos de história, ciências e apresentações acadêmicas, conectando o conhecimento linguístico às vivências dos alunos. “Não é sobre aprender inglês para se virar, mas utilizá-lo como um recurso acadêmico e cultural, ampliando horizontes para o mundo”, explica. A escola também oferece certificações Cambridge de forma opcional, respeitando os diferentes projetos de vida dos estudantes, além de ter conquistado o selo Oxford Quality, que reconhece a excelência de sua prática pedagógica.
O Colégio Magno, por sua vez, alia o ensino de idiomas a uma visão ampla de formação global. A escola ensina inglês desde a educação infantil, e também oferece disciplinas como ciências e artes no idioma, criando um ambiente onde o inglês é utilizado de maneira prática e natural. Além disso, investe em programas como o Mizzou Academy Dual Diploma Program, que possibilita aos alunos obterem diplomas reconhecidos nos Estados Unidos e no Brasil. Segundo a diretora geral, Claudia Tricate, o objetivo é formar cidadãos do mundo, capazes de dialogar com diferentes culturas e atuar em um ambiente global. Essa preparação é complementada por experiências internacionais, como a participação dos alunos em eventos globais, incluindo a Conferência do Clima da ONU (COP).
Embora sigam caminhos distintos, as escolas compartilham um mesmo princípio: a internacionalização pode ser alcançada sem renunciar a uma identidade própria. O foco em metodologias que conectam o ensino de idiomas às práticas escolares e aos projetos de vida dos alunos, tem gerado resultados tão expressivos quanto os obtidos por escolas bilíngues. Em um cenário globalizado, a fluência em outros idiomas é apenas uma parte do processo; o que realmente se destaca é a capacidade de preparar os alunos para compreender e interagir com o mundo de maneira crítica, culturalmente sensível e autônoma.