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Quando os passatempos da infância pavimentam seu caminho

 Vivian Renata Kida, egressa da Faculdade de Médica Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP

Quando criança, eu já quis ser várias coisas: bióloga, veterinária, paleontóloga, jornalista ou cientista. Embora um pouco diferentes, em todas eu tinha um objetivo em comum: identificar novidades e divulgá-las ao mundo.

Desde pequena eu amava escrever. Vivia pelos cantos escrevendo histórias de fantasias. De vez em quando, até arriscava alguns quadrinhos, mas desenhar não era meu forte! O que me envolvia mesmo eram as narrativas. Criar personagens, mundos fantásticos, por no papel a cacofonia de ideias do meu imaginário. Embora criar universos fosse muito prazeroso, havia uma outra coisa que eu me amarrava em fazer: catalogar e descrever as descobertas que eu observava e aprendia.

Como uma típica criança introvertida, eu gostava muito de passar um tempo sozinha. Brincar com os amigos era legal, mas eu nunca perdia a chance de passar horas imersa em meus livros. Eu era uma cliente assídua de sebos. Comprava e trocava livros e revistas quase toda semana. Assuntos sobre ciência, dinossauros e outros seres vivos eram meus favoritos! Fora isso, gostava muito de passar horas observando animais sempre que tinha a oportunidade. Seguindo o exemplo de livros e enciclopédias, eu escrevia textos sobre aquilo que meus olhos contemplavam. Às vezes, adicionava informações extras das publicações que tinha lido. Divertia-me criando meus próprios registros “técnicos”.

Durante a adolescência, continuei sendo uma “rata de biblioteca”. Minha curiosidade sobre o mundo nunca cessou. Pelo contrário, ela só aumentava, principalmente quando descobri que era possível pegar livro emprestado (e de graça!) nas bibliotecas municipais. Quantas novidades me aguardavam naqueles corredores repletos de livros sem fim?

Eu amava livros (e ainda amo). Também amava escrever. Seria demais sonhar com a ideia de poder continuar escrevendo os resultados de minhas observações, mas, desta vez, para o mundo todo ler?

Talvez eu já tenha nascido com um viés. Talvez esses anos todos de leitura tenham me guiado para isso. Só sei que aqui, nessa universidade, tive o privilégio de continuar a alimentar essas minhas paixões, mas de uma forma bem menos amadora. Segui meu desejo (ou teimosia?) de infância e me formei veterinária. Segui um pouco mais além e abracei a aspiração de ser cientista.

A USP permitiu que eu continuasse a fazer o que sempre fiz: ler, aprender, descobrir e registrar. Não precisei pensar muito antes de decidir continuar na academia e ingressar na pós-graduação. Com muito esforço, obtive meu mestrado. Agora, trilho à caminho do doutorado. Ao contrário do que dizem, não passei a odiar minhas paixões por terem virado trabalho. Verdade seja dita, nunca me senti tão certa de estar em meu lugar e de poder ser, genuinamente, quem eu sempre fui e quem ainda sou.

Espero continuar a produzir boas histórias e memórias, dentro dos laboratórios da USP, enquanto vou atrás de respostas para as pesquisas. Espero que um dia vocês leiam mais escritos de minha autoria, sejam acadêmicos ou não.

Esse foi apenas o primeiro.

Originalmente publicado em...