Evento será na quinta-feira (15/4), às 11h, e terá transmissão pelos canais da Jeduca no YouTube e Facebook
Entre os diversos desafios impostos pela pandemia de Covid-19 na área da educação está o de sustentar o processo de alfabetização no contexto do ensino remoto, tema do webinário realizado pela Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) na próxima quinta-feira (15/4), às 11h.
O evento intitulado “Como fica a alfabetização no ensino remoto?” será transmitido pelo YouTube e Facebook da Jeduca e terá interpretação em Libras. Participam do debate três especialistas no tema:
Augusto Buchweitz, professor e pesquisador do InsCEr (Instituto do Cérebro) da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), onde lidera o grupo de pesquisa Neuroimagem da Cognição Humana.
Maria do Socorro Alencar Nunes Macedo, professora da UFJS (Universidade Federal de São João del-Rei) e vice-presidente da Abalf (Associação Brasileira de Alfabetização). Socorro também coordena a pesquisa Alfabetização em rede: uma investigação sobre o ensino remoto da alfabetização na pandemia Covid-19 e sobre a recepção da Política Nacional de Alfabetização (PNA), realizada pelo coletivo Alfabetização em Rede, que reúne cerca de cem pesquisadores de 29 universidades brasileiras.
Silvia Colello, professora e pesquisadora da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), ligada ao Núcleo de Pesquisa Novas Arquiteturas Pedagógicas e diretora do Centro de Estudos – Oriente & Ocidente, dedicando-se a pesquisas sobre alfabetização, ensino da língua escrita, letramento e da leitura e produção textual.
A alfabetização é considerada uma fase essencial para uma trajetória escolar bem sucedida. E, por ser uma etapa que exige intensa interação entre professores e alunos, tem despertado a atenção dos educadores, já que as escolas têm permanecido fechadas no Brasil por causa da pandemia.
Além da ruptura da vida escolar das crianças que ingressaram no 1.º ano do ensino fundamental em 2020 e 2021, a transferência do ensino presencial para o remoto, as condições de trabalho dos professores, o papel de medição que a família passa a exercer, a preservação do interesse e do ritmo de aprendizagem são apenas alguns dos desafios que surgem desse novo cenário, aponta Silvia Colello no artigo Alfabetização em tempos de pandemia.
A pesquisa Alfabetização em rede, que ouviu cerca de 14 mil professores de todo o país em 2020, identificou, de maneira geral, a falta de orientação e planejamento nas redes de ensino: os professores que atuam nos primeiros anos do ensino fundamental oferecem atividades conforme suas possibilidades e recursos. Nesse sentido, o WhatsApp tem sido a principal ferramenta de comunicação com as famílias e de envio de atividades para os estudantes.
O tipo de atividade sugerida é outro ponto de atenção detectado na pesquisa, pois a tendência é propor atividades mais simples, que possam ser realizadas com a mediação das famílias, que acabam funcionando como estratégia para manter o vínculo da criança com a escola e não, necessariamente, de alfabetizar. Além disso, nem sempre os pais têm tempo, formação ou infraestrutura para exercer esse papel. Isso ocorre mesmo em famílias que possuem as condições ideais para o ensino remoto. Nesse sentido, uma iniciativa do MEC (Ministério da Educação) que colabora para apoiar a alfabetizção no contexto da pandemia é o aplicativo Graphogame, adaptado ao Brasil pelo InsCer da PUC-RS.
Outro tema relevante nesse debate são as perdas que o período de afastamento do ensino presencial pode gerar para as crianças que estão no início da escolarização. Estimativa do Banco Mundial aponta que por causa do longo período de fechamento das escolas na América Latina e no Caribe, 71% dos estudantes podem ficar em situação de “pobreza de aprendizagem”, ou seja abaixo do nível mínimo de proficiência no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Antes da pandemia eram 50%.
https://jeduca.org.br/texto/impactos-do-ensino-remoto-na-alfabetizacao-e-tema-de-webinario