“No Brasil, a pandemia revelou inúmeras deficiências e expôs a ausência de políticas estruturadas para tecnologia educacional. Também evidenciou a falta de formação e suporte para docentes na área e, sobretudo, a ausência de critérios claros para a adoção de tecnologias por parte da gestão pública. A maioria dos municípios não teve como ofertar equipamentos, currículos adaptados e infraestrutura; e relatos de alunos sem acesso a computadores, celulares ou banda larga escancararam as desigualdades preexistentes.”
Esses são alguns dos marcos refletidos no relatório Tecnologias para uma Educação com equidade: novo horizonte para o Brasil, do Todos Pela Educação, em parceria com Dados para um Debate Democrático da Educação (D3E) e Transformative Learning Technology Laboratory, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.
O estudo mostra como práticas pedagógicas com suporte tecnológico vão além do ensino remoto, apontando a urgência de uma estratégia no nível nacional que proporcione uma tecnologia educacional ampla, participativa, democrática e baseada em conhecimento científico.
“Ações isoladas como a compra de laptops ou a adoção de uma plataforma têm alcance limitado como política pública. Dada a complexidade da escola e a multiplicidade de soluções tecnológicas possíveis, os gestores precisam articular ações em diferentes níveis para criar reformas sustentáveis”, diz o estudo.
Recomendações
A partir de três categorias, infraestrutura, ensino e criação e experimentação, o documento elenca quatro aspectos essenciais para melhorias na área: garantir recursos com equidade e transparência; formar, apoiar e motivar os professores; proteger os dados dos estudantes e dos educadores; e desenvolver uma estratégia nacional.
O estudo utiliza as diretrizes e estratégias apontadas pelo Educação Já!, iniciativa liderada pelo Todos Pela Educação com o objetivo de subsidiar o poder público com diagnósticos detalhados e soluções concretas em sete temas estruturantes para o setor.
“O debate sobre tecnologia educacional deve sair do ‘se’ e evoluir para o ‘como’. Não podemos mais discutir se a tecnologia deve estar na escola, mas como isso deve acontecer. A presença da tecnologia na vida pessoal, profissional e cívica é uma realidade irreversível”, aponta o relatório.