CDH aprova inclusão do combate ao racismo no currículo da educação básica
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou dia 14/06 o projeto de lei (PL 288/2022) do senador Randolfe Rodrigues (AP) que visa inserir o combate ao racismo no conteúdo dos currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio. A medida tem como objetivo combater o racismo na sociedade brasileira, uma vez que a inclusão dessa temática no currículo escolar contribui para a conscientização e formação de cidadãos mais conscientes e tolerantes.
A Escola Tarsila do Amaral, em São Paulo, é um exemplo de instituição de ensino que abraça a causa e já desenvolve ações educativas e dinâmicas nas salas de aulas com os alunos da educação infantil e fundamental 1. A coordenadora pedagógica da escola, Patricia Bignardi, afirma que a escola sempre foi inclusiva e atenta à questão do racismo. “A escola já trata do tema de forma natural, com livros que abordam temas raciais e ressaltam a cultura negra, bonecos pretos na sala de aula e manifestações culturais da população negra”, conta.
A abordagem do tema pelas escolas deve se iniciar desde a educação infantil. Na Tarsila o assunto é tratado de forma natural e consistente. Quando os educadores de sala observam algum indício, imediatamente é aberto o diálogo com as crianças e com as famílias sobre comportamento e comentários racistas.
“Entre 4 e cinco anos de idade, surgem alguns comentários entre as crianças sobre o cabelo do colega, ou não querer que o colega participe de uma brincadeira”, conta Patricia. Segundo ela, nessa fase o diálogo com as crianças é fundamental. Quando já estão no fundamental 1, os alunos têm um entendimento maior e o tema não apresenta mais tanta frequência.
Segundo a coordenadora pedagógica, a inclusão do tema no currículo escolar pode ajudar a combater o racismo na sociedade em geral, uma vez que a lei legitima um pensamento.
Para envolver pais e responsáveis no processo de combate ao racismo, a escola busca sempre trazê-los para dentro da escola, participando dos conteúdos abordados com as crianças, conversas individuais e palestras sobre a diversidade cultural e o racismo. Em geral, educação e diálogo são fundamentais para um convívio pacífico e saudável, livre de preconceitos e intolerâncias.
O Colégio Equipe e a Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha) desenvolveram um trabalho com o ong Ação Educativa que ajudou às escolas a olharem para seu espaço, sua comunidade escolar e avaliar como as questões raciais estavam sendo debatidas. “Foi um trabalho muito interessante que envolveu toda a comunidade escolar a estar engajada para as questões raciais”, diz Clélia Rosa, assessora pedagógica do Gracinha. “Estamos em pleno 2023 descobrindo trabalho escravo no Rio Grande do Sul. Estamos vivendo um racismo ambiental, e isso foi alimentado. O que as escolas têm a ver com isso? O que ensinamos sobre valores, sobre ética? Quem são essas pessoas? São muitas camadas juntas e o papel da escola é trazer tudo isso. Não dá para as escolas do Brasil acharem que o assunto não é com elas”, enfatiza Rosa.