Do “Botânica no Inverno” ao mundo: o impacto da USP na minha carreira internacional

Antônio Azeredo Coutinho Neto, mestre pelo Instituto de Biociências (IB) da USP

No meu último ano de graduação em Biologia (2012), dentre centenas de inscritos do Brasil, fui o selecionado do Estado de Santa Catarina para participar do curso intitulado Botânica no Inverno da USP. Nesta época, eu não imaginava o poder de transformação que isso me levaria no futuro e quantas oportunidades apareceriam. É importante ressaltar que eu sempre estudei em escola pública durante o ensino fundamental e médio. Já na graduação eu cursei em uma universidade filantrópica com bolsa de estudos. Sem uma bolsa de estudos eu não conseguiria realizar a pós-graduação que eu estava despertando o interesse.

Após a imersão no projeto teórico e prático do Botânica no Inverno, organizado por alunos e professores da pós-graduação do Departamento de Botânica, retornei à Santa Catarina para concluir a minha graduação, mas algo dentro de mim havia mudado. O contato com a professora Helenice Mercier durante o Botânica no Inverno revelou-se crucial no ano seguinte. Em 2013, tomei a decisão ousada de entrar em contato com ela para desenvolver um projeto de pesquisa em Fisiologia do Desenvolvimento Vegetal.

O desafio seria grande, especialmente para alguém que teve a jornada acadêmica pavimentada em escola pública e com bolsa de estudos na graduação. No entanto, com determinação, eu fui subindo os degraus de aprendizado nas técnicas durante um estágio e serviço como técnico da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), assim como me familiarizando com o modelo de estudo que usaria durante o mestrado. Entretanto, o maior desafio que eu enfrentei destacou-se como a proficiência de Língua Inglesa.

Todos os requisitos foram cumpridos em 2015, assim me tornei aluno de mestrado no Instituto de Biociências (IB) da USP, no Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento Vegetal, sob a orientação da Professora Helenice Mercier. Obtive o primeiro lugar entre a classificação para bolsas de estudos e consegui financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) durante o mestrado. Nesta jornada, tive a oportunidade de aprender com brilhantes colegas e professores, cada um contribuindo de maneira única para o meu desenvolvimento profissional.

Destaco a importância dos pesquisadores como os professores Maria Magdalena Ross, Gilberto Barbante Kerbauy, Gladys Flávia de Albuquerque Melo de Pinna (co-orientadora), Diego Demarco, Claudia Furlan, e o inspirador Igor Cesarino. Suas mentorias e conhecimentos foram fundamentais na minha evolução como pesquisador.

Ao fim do mestrado (2018), retornei à Santa Catarina, trabalhando e refleti muito sobre os meus próximos passos. Os contatos estabelecidos na USP foram cruciais nessa fase, em que eu pensei em continuar a jornada acadêmica para um próximo nível, o doutorado, e que este poderia ser cursado além das fronteiras brasileiras.

Em 2020, com a confiança que adquiri na USP, tomei a decisão de embarcar para a Austrália em busca de aprimorar meu inglês e realizar um doutorado internacional. Hoje, em 2024, estou no nível avançado de inglês e apto a concorrer a bolsas de doutorado em diversos países.

Além disso, gostaria de ressaltar que na minha jornada na USP ao longo do mestrado, eu também participei como organizador e palestrante do Botânica no Inverno. No ano de 2023, consegui realizar algumas aulas/palestras para os estudantes do ano em questão a partir da Austrália em web conferência.

A USP, na minha carreira acadêmica, foi mais do que uma instituição de ensino. Ela abriu as portas do conhecimento, das oportunidades, e expandiu os limites da minha mente. Agradeço e continuarei agradecendo a todos que fizeram parte dessa jornada e continuam contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional.

Originalmente publicado em...