Muriel Barbery: A Crise da Ficção Literária na Era Contemporânea

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Muriel Barbery cita Kundera, que argumenta que a paixão pelo conhecimento, central para a espiritualidade europeia desde a Grécia antiga, foi perdida na filosofia e na ciência modernas, mas renasce no romance. Os romances servem como o último observatório da vida humana em um mundo moderno fragmentado por especializações científicas e abandonado pela filosofia, conforme destacado por Ernesto Sabato.

Segundo a romancista, os últimos cinco anos, o mercado de ficção literária viu uma queda dramática, contrastando com o sucesso da ficção comercial. Essa queda é atribuída à mercantilização da cultura, que padroniza e homogeneíza o conteúdo, e à concorrência de outras formas culturais, como séries de TV, que exigem menos concentração e esforço.

Os desafios enfrentados pela ficção literária são vistos como parte de questões civilizacionais mais amplas, refletindo uma mudança no panorama cultural e intelectual influenciada pelas mudanças contemporâneas na sociedade.

Renomada romancista francesa, Muriel Barbery nasceu em Casablanca, Marrocos. Lecionou por quinze anos antes de se dedicar totalmente à literatura.

Autora de seis romances notáveis, destacando-se obras como “A morte do gourmet” (2009) e seu magnum opus, “A Elegância do Ouriço” (2008), traduzido para mais de 40 países e vendido em impressionantes 12 milhões de cópias globalmente, foi adaptado para o cinema por Mona Achache, sob o título Le hérisson. A obra relata os conflitos e excentricidades dos moradores de um prédio elegante de Paris. Foi o livro mais vendido da história da editora Gallimard, desbancando clássicos de Albert Camus e André Malraux.

O sucesso levou a romancista a uma temporada no Japão, em Kyoto, de onde veio a inspiração para Uma rosa só (2022). Existencialista, afirma que é uma pena que as pessoas não vejam que o que faz a literatura é a liberdade.

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