Filippo Valiante Filho, doutorando pela Escola Politécnica (Poli) da USP
Na Poli também há muitos poetas. Sou apenas um deles. E na porta do prédio da Engenharia Elétrica há um pé de nêspera que, durante muitos anos, eu pensei que fossem “ameixas amarelas”. Escrevi o poema a seguir logo depois de ingressar na USP, no mestrado em Engenharia Elétrica. Este ano devo terminar o doutorado, minha segunda passagem pela USP, quando ela completa 90 anos.
A ameixeira na porta da faculdade
Me lembrava minha infância
Das poucas vezes que subi em árvores
Sim, subi em árvores
Tremia um pouco, mas subia
A ameixeira ficava no quintal
Na verdade eram duas
Uma no quintal da frente, pequena
Outra nos fundos, frondosa
Era nessa que subia moleque
Não muito serelepe, mas subia
Pra colher ameixas
Eram diferentes dessas dos mercados
Eram amarelinhas
De formato mais alongado
Mas todos diziam que era ameixa
Não sei se era ameixa
Mas sei que lembram minha infância
De moleque que
Mesmo tendo nome e sobrenome
Subiu em árvores
Fez sua própria pipa pra empinar
Seguindo o manual do escoteiro-mirim
Jogou bolinha de gude
Bateu figurinha
Correu na rua
Brincou de esconde-esconde
Pega-pega e duro-mole
Foi passar férias no interior
Subiu em mais árvores
Fez guerrinha de frutas no pomar
E colheu ameixas no quintal de casa
Iguaizinhas as da árvore na porta da faculdade
14 de Fevereiro de 2005
P.S. Descobri, posteriormente, que eram nêsperas, e não ameixas.