Edilson R. B. de Jesus, doutor pelo Programa em Tecnologia Nuclear do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, vinculado à USP
Minha história com a USP data da época em que eu ainda era estudante do ensino fundamental lá pelos idos dos anos 1970 e ouvia falar muito bem dessa conceituada Universidade. Apesar de ser de família humilde, já naquela época era um desejo meu estudar em tão renomada instituição e imaginava que em algum momento meu desejo pudesse ser realizado.
Tive que começar a trabalhar muito cedo para ajudar financeiramente em casa, desse modo, antes mesmo de terminar o ensino fundamental (antiga 8° série), com apenas 14 anos de idade tive que ser transferido para a turma da noite na escola em que estudava, para poder cursar o Senai durante o dia.
Já com registro em carteira, sendo mantido no Senai por uma empresa do ramo metal/mecânico, após dois anos e meio de estudos no Senai concluí os cursos profissionalizantes de ajustador mecânico e ferramenteiro, efetuados concomitantemente com o ensino fundamental e médio realizados integralmente em escolas públicas.
Após o ensino médio, fui aprovado em vestibulinho para o curso técnico em mecânica na antiga Escola Técnica Federal de São Paulo – ETFSP (atual IFSP), e, na sequência do término do curso técnico, ingressei em uma instituição particular para fazer a graduação em Engenharia Mecânica no período noturno.
Como eu trabalhava durante o dia, não podia deixar de trabalhar para tentar uma oportunidade em alguma instituição de ensino superior pública que à época (final da década de 1980) só ofereciam cursos integrais em períodos matutino/vespertino na área de Engenharia. Assim, o meu desejo de ser aluno da USP não pode ser realizado na graduação e teve que ser adiado.
Já no final da graduação, fui dispensado da empresa em que trabalhava e em meio a alguns outros curtos vínculos empregatícios e períodos de desemprego, em 1995 resolvi prestar um concurso para cargo de técnico no IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), pelo qual fui aprovado em segundo lugar.
Assumi o cargo, porém permaneci pouco tempo como servidor efetivo. Descobri que o IPEN tinha um programa de pós-graduação strictu sensu em associação com a USP e enxerguei ali uma oportunidade de poder finalmente ser aluno dessa conceituada instituição.
Pois bem, submeti-me aos exames exigidos para ingresso no programa de pós-graduação, tendo sido aprovado, entrei também com uma solicitação de oferecimento de bolsa, tendo sido também aprovada. Não pensei duas vezes, solicitei exoneração do cargo de técnico no IPEN e imediatamente mergulhei de cabeça nesse novo desafio.
Finalizei o mestrado em 1998, emendei o doutorado e, antes mesmo de finalizar o doutorado, retornei ao mercado de trabalho no ano 2000. Finalizei o doutorado em 2004 e permaneci atuando alguns anos como engenheiro em empresas do setor metal/mecânico.
Após ter prestado diversos outros concursos desde o ano de 2005, alguns dos quais embora tenha sido aprovado em cadastro reserva, jamais fui convocado; em 2010, prestei concurso para professor no Instituto Federal de São Paulo – IFSP, tendo sido aprovado e imediatamente convocado.
Pedi para sair da empresa em que estava trabalhando e desde então tenho atuado como professor na área mecânica. Posso afirmar, com certeza, que as experiências vivenciadas e os conhecimentos adquiridos, não só no mercado de trabalho como também no mundo acadêmico mormente no programa strictu sensu do IPEN/USP bem como os títulos obtidos, têm sido muito úteis para o bom desenvolvimento do meu dia a dia como professor e para a minha ascensão profissional.
Sou imensamente grato a todas as pessoas com as quais convivi e a todas as instituições pelas quais passei ao longo da minha vida profissional e acadêmica, especialmente ao meu orientador no IPEN e à USP, que me possibilitaram alcançar o meu objetivo, realizar o meu desejo e alcançar um título o qual nem em meus sonhos mais loucos, quando eu era ainda muito pequeno e jamais ousaria pensar em atingir: o título de Doutor. Gratidão.