A internet está educando onde a escola se cala

A internet está educando onde a escola se cala

Nova etapa de pesquisa aplicada em 80 escolas paulistas busca avaliar clima escolar; pós-graduação do Instituto Vera Cruz forma professores para atuar com ética e intencionalidade diante de conflitos 

A série Adolescência, da Netflix, lançou luz sobre uma geração cada vez mais conectada e, ao mesmo tempo, cada vez mais solitária e adoecida. Os relatos de ansiedade, automutilação, dependência digital e aliciamento por grupos de ódio revelam uma realidade que ultrapassa as telas e se reflete nas salas de aula. Diante desse cenário, cresce entre especialistas da educação o apelo por mudanças estruturais nas escolas, e pela formação de professores preparados para lidar com os desafios da convivência na era digital. 

Para Adriana de Melo Ramos, doutora em Psicologia Educacional pela Unicamp e coordenadora da pós-graduação As Relações Interpessoais na Escola, do Instituto Vera Cruz, o momento exige ação imediata. “A internet está educando onde a escola se cala, e o resultado disso é preocupante. Grande parte das escolas trabalham sem planejamento e cultura de convivência, e reagem como bombeiros: só agem quando a crise explode”, afirma. 

Coordenadora também do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação e Infância (NPEEI) do Instituto Vera Cruz, Adriana lidera uma pesquisa sobre clima escolar em parceria com o GEPEN da Unicamp e com apoio da Fundação Carlos Chagas. O estudo adaptou um instrumento internacional para avaliar as relações dentro do ambiente escolar. Os materiais gerados, um questionário e um manual, já ultrapassaram 20 mil acessos na biblioteca da Faculdade de Educação da Unicamp. A nova fase da pesquisa será aplicada em 80 escolas públicas do estado de São Paulo, com a inclusão de respostas de estudantes, educadores, funcionários e famílias. 

O objetivo, segundo Adriana, é oferecer às escolas dados concretos para planejar ações de convivência mais efetivas. “Sem diagnóstico, não há como intervir com responsabilidade. E sem formação, não há quem sustente mudanças duradouras”, ressalta. 

Segundo ela, o curso de pós-graduação As Relações Interpessoais na Escola: das Competências Socioemocionais à Personalidade Ética, oferecida pelo Instituto Vera Cruz desenvolve um trabalho de formação muito consistente e necessário. Com duração de cinco semestres, carga horária de 392 horas e modalidade híbrida, o curso tem como foco formar profissionais aptos a construir um clima escolar positivo e a intervir, com intencionalidade, em situações de conflito. A abordagem é construtivista, e o corpo docente é composto por professores-pesquisadores com ampla atuação na área da convivência, do desenvolvimento socio moral e das competências socioemocionais. 

Para Adriana, os desafios impostos pelas redes sociais, pela saúde mental dos alunos e pela polarização social não podem mais ser tratados como assuntos periféricos no cotidiano escolar. “Convivência não é acessório. É base. É tão essencial quanto alfabetizar. Precisamos garantir que a escola seja, de fato, um espaço ético, seguro e humano para todos.” 

Mais informações sobre a pós-graduação estão disponíveis no site do Instituto Vera Cruz: https://site.veracruz.edu.br/instituto-vera-cruz/pos-graduacao/