Brasil conquista 72 medalhas na Olimpíada de Matemática na Ásia

O Brasil fez bonito na Olimpíada Internacional de Matemática da Ásia (AIMO, da sigla em inglês), disputada no Japão. A delegação brasileira, composta por 208 estudantes, conquistou 72 medalhas, sendo duas de ouro, 10 de prata e 60 de bronze. Alunos de três escolas municipais receberam menção honrosa. Organizada no Brasil pela Rede POC, uma rede internacional de intercâmbio científico, a AIMO reuniu mais de 1,6 mil estudantes de 22 países. A China foi o país que mais conquistou medalhas.

Do Brasil, participaram 26 escolas de oito Estados – AM, AP, MG, PA, PB, RJ, SC e SP – entre estaduais, municipais, institutos federais, escolas militares, cívico-militares e particulares. As medalhas de ouro foram conquistadas por Danilo Soriano dos Santos, do Instituto Federal de Tecnologia e Educação do Rio de Janeiro, campus Pacarambi, e Pietro Cabello Carnio, do Colégio Objetivo do bairro da Penha, em São Paulo.

O diretor da Rede POC, Ozimar Pereira, diz que o resultado mostra que a educação brasileira está melhorando. Ele destacou, por exemplo, a diversidade da delegação do Rio de Janeiro, que reuniu escolas públicas de regiões carentes até escolas particulares de alto poder aquisitivo da zona sul, e também os estudantes de Içara, em Santa Catarina, que tiveram os melhores resultados entre as escolas públicas municipais. “O destaque ficou com o Danilo, do Rio, um aluno negro, uma prova que as coisas estão mudando no Brasil”, diz Ozimar. Ele chama atenção também para os bons resultados do Colégio Militar de São Paulo, com duas medalhas de prata.

Medalhistas

Medalha de Ouro, Pietro Cabello Carnio, 16 anos, aluno do 2° ano do ensino médio do colégio Objetivo, do bairro da Penha, em São Paulo, diz que “a experiência de conhecer o Japão foi maravilhosa”. Ele conta que aprendeu muito durante a preparação para a prova. “Acredito que a medalha de ouro será importante para o meu currículo. É muito bom sentir seu esforço sendo recompensado”, afirma.

Ana Alice, de 17 anos, estuda mecatrônica no 3º ano do Centro Federal de Educação e Tecnologia de Minas Gerais (CEFET), campus Varginha, agradeceu a Rede POC e disse que a AIMO foi a “melhor experiência” da sua vida. Ela o seu colega João Paulo ganharam bronze. “Minha equipe conseguiu resultados incríveis com duas medalhas e o Brasil também com 72 medalhas; tenho certeza que esta medalha vai contribuir muito com o meu futuro, disse.

Apesar de não ter conquistado medalha, Ana Clara de Abreu Carvalho, de 17 anos, aluna do 3° ano do ensino médio da escola estadual Juscelino Kubitschek, de Belo Horizonte, afirma que a olimpíada “proporcionou uma experiência rica em novidades”. “Tive o contato com culturas diferentes e saí da minha realidade”, conta. Ela considerou a prova de fácil entendimento no quesito inglês, porém com as questões complexas.

Medalhista de bronze, Marcos Daniel Martins, de 15 anos, aluno do Colégio Pitágoras, de Barcarena, no Pará, diz que experiência foi “inesquecível” e  que a viagem o fez sair da “bolha”. “Foi uma experiência que agrega muito na vida do estudante”, afirma. “Uma prova bem desafiadora, contendo questões de uma grade de conteúdo bem distinta das provas de olímpiadas de matemática do Brasil, isso nos leva a sair da nossa zona de conforto, o que é extremamente necessário”. 

Nicolas Fonseca, de 14, anos e Ana Júlia, de 12, da escola municipal Coronel João Domingos, em Raul Soares (MG), não ganharam medalha, mas gostaram muito da experiência no Japão. “A olimpíada abre portas para os estudantes que nem eles imaginam”, acredita Nicolas. Estreante na AIMO, Julia diz que ficou surpresa com o número de países e estudantes participantes. “Infelizmente não ganhei medalha, mas levarei o certificado de honra ao mérito com muito orgulho para o Brasil e continuarei me esforçando para que outras oportunidades surjam e melhores resultados eu possa alcançar”, afirma.

O colégio estadual da Polícia Militar Marcantonio Vilaça 2, de Manaus, teve um excelente resultado, com cinco medalhas de bronze e três menções honrosas. Alunos do 9º ano do Fundamental 2, Manuela Barros dos Santos, Carlos Eduardo, Sara Peron, Mateus Henrique, Geovana Castro a Heloisa Vitória adoraram participar da Olimpíada Internacional de Matemática da Ásia, no Japão. “É tudo muito impressionante e o sentimento de receber uma medallha é de dever cumprido”, diz Manuela.

Para Carlos, o sensação de ganhar uma medalha “é único da vida de uma pessoa e acrescenta muito na minha experiência”. Sara disse que os resultados “foram muito gratificantes em função do nosso esforço e nos sentimos muito honrados em representar o Brasil”. Mateus achou a prova difícil e por isso ficou muito feliz com o bronze. “Quero continuar tendo contato com estas olimpíadas internacionais”, destaca. Geovana sabia que a prova seria complicada. “Mesmo não ganhando uma medalha, fiquei feliz pelo resultados da nossa equipe”, afirma.  Heloisa diz que deseja continuar participando destas competições. “Este tipo de olmpíada vai continuar na minha lista daqui pra frente”, conta.

As escolas

Para a diretora da escola municipal Quintino Rizzieri, Jucelma Cardoso Cipriano, de Içara, Santa Catarina, os estudantes já são vitoriosos, independente de ganhar medalhas.  “Sabemos do nível de desafio deste tipo de competição. Falamos para eles que para nós eles já valem ouro. Eles levarão esta experiência para a vida”, diz. “É uma conquista que reforça o poder da educação em transformar vidas e ultrapassar fronteiras”.

O tenente coronel Barsante, subdiretor da escola estadual da Polícia Militar de Minas Gerais, acredita que “a participação em olimpíadas fora da sede escolar, leva os alunos a busca por objetivos de vida maiores”. Na opinião dele, por ser a primeira participação, a conquista de “dois alunos com medalhas de bronze é um grande resultado”.  Ele garante que a partir de agora irá trabalhar mais para que os estudantes participem de outras competições.

Keilla Santiago, diretora do colégio Objetivo Penha, em São Paulo, diz que a AIMO é uma competição que oferece uma experiência enriquecedora fora do circuito tradicional de olimpíadas, com desafios que vão além do currículo escolar. “Ela é especialmente interessante para estudantes que desejam desenvolver o raciocínio lógico em um ambiente multicultural e internacional e pode ser um diferencial para quem pretende se candidatar a universidades no exterior”, destaca. Na visão dela, as conquistas das medalha de ouro, duas de bronze e quatro certificados de mérito, além do prestígio acadêmico, contribuem para o desenvolvimento pessoal dos alunos, fortalecendo a confiança, estimulando o interesse pela matemática e abrindo portas para novas oportunidades acadêmicas e competições internacionais”. 

Os organizadores

Rede POC é uma instituição privada de intercâmbio científico juvenil cuja missão é promover a excelência na Educação através do estímulo ao interesse pela Ciência, Matemática, Tecnologia e Inovação. É responsável pela Secretaria Regional da AIMO no Brasil desde 2017. Além da AIMO, a Rede POC organiza a Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras, a Feira Latinoamericana de Ciências e Tecnologia e a ITMC (International Talent Mathematics Contest).

A AIMO é uma iniciativa conjunta de três das melhores instituições internacionais dedicadas ao estímulo ao ensino da Matemática: Asian Mathematical Olympiad Union, the China Education Research Association e the Hong Kong Mathematical Olympiad Association. Seu objetivo é estimular o interesse pela Matemática e promover a melhoria do seu aprendizado.