Considerada uma das maiores olimpíadas de conhecimento do mundo, com participação de mais de 230 mil estudantes de 54 países, a Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras (OIMS) acaba de divulgar seus resultados. E eles mostram uma boa evolução do Brasil, tanto em premiação, quanto em participação. Diferente de outras competições do gênero, a OIMS é uma prova feita em grupo, não individualmente. Na edição de 2025, participaram 71.602 alunos de 670 escolas brasileiras, de 26 estados, entre instituições públicas e privadas. Em 2011, foram apenas 3 mil alunos de 56 escolas. Este ano a OIMSF inovou com duas novas categorias: medalha de diamante e medalha escolar. O Brasil conquistou 30 medalhas de diamante.
Confira mais abaixo os destaques por medalhas, por região e por escola
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A OIMSF foi criada em 1989 pelo Ministério da Educação da França. No Brasil, ela é organizada pela Rede POC – programa de intercâmbio científico juvenil que tem como objetivo estimular o interesse entre os estudantes pela Ciência, Tecnologia e Inovação. As provas são dissertativas e divididas em três níveis: básico, para o fundamental 1; júnior para o fundamental 2; e sênior para o ensino médio.
O diretor acadêmico da Rede POC, Ozimar Pereira, explica que a OIMSF é diferente das outras competições do gênero, como a Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). “A Matemática Sem Fronteiras não é direcionada apenas para alunos com altas habilidades na disciplina. É importante as escolas e os alunos saberem que a Olimpíada não é apenas para quem é excelente em matemática. Queremos incentivar o trabalho em equipe e desmistificar a ideia de que a matemática é muito difícil”, destaca Ozimar.
Na opinião de Helene Tanouh, supervisora de Matemática do Ministério da Educação da França em Strasbourg/Alsácia e presidente da Association Internationale Mathématiques Sans Frontieres, o formato da prova produz efeitos positivos sobre a qualidade do ensino da matemática, uma vez que estimula o trabalho em equipe na classe e a resolução de problemas abertos. “Um problema é aberto se seu enunciado é curto, não induzindo ao método de resolução, e onde muitas estratégias são possíveis para a sua resolução”, explica Tanouh.
Clubes de Matemática
Na rede municipal de ensino de Criciúma, em Santa Catarina, a matemática recebe incentivo há vários anos e os resultados são ótimos. Desde a primeira participação na OIMSF, em 2018, com o Clube de Matemática da escola Jorge da Cunha Carneiro – que abriu caminho para o cenário das olimpíadas internacionais -, a prova passou a integrar o calendário anual. “Por ser uma olimpíada que valoriza o trabalho em equipe, ela possibilita o desenvolvimento de habilidades além das matemáticas, promovendo a cooperação, o respeito e o reconhecimento da importância do outro, além de proporcionar um crescimento conjunto”, destaca Karine Luiz Calegari Mrotskoski, coordenadora dos Clubes de Matemática da Secretaria Municipal de Educação de Criciúma. Este ano a medalha diamante foi conquistada por uma turma de 4º ano da escola Marechal Rondon. Karine afirma que entre as turmas premiadas com ouro, há escolas localizadas em comunidades em situação de vulnerabilidade. “O resultado reforça a importância de um trabalho sério e comprometido com a educação, capaz de gerar oportunidades e resultados expressivos para todos os estudantes”, afirma.
Na escola do Sesi Heitor José Muller, em Monte Negro, Rio Grande do Sul, a professora Jaqueline Mentz, participa há cinco anos da Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras. “É uma competição organizada pela Rede POC aqui no Brasil e que, além de ter desafios matemáticos muito interessantes, também tem um super diferencial: é realizada em equipes de cinco ou mais integrantes, o que garante a resolução coletiva e uma troca enriquecedora”, diz. Em 2025, os alunos da escola ganharam três medalhas de bronze. “Desde o início da minha docência há 9 anos, estimulo meus alunos a participarem de competições de matemática, propiciando espaços de construção de conhecimentos, troca de ideias, resolução de problemas e de incentivo ao estudo da matemática”.
As medalhas
Na edição deste ano, 6.555 classes fizeram a primeira fase da olimpíada. Pelas regras, apenas uma classe por série passa para a segunda fase. Como várias classes obtiveram bons resultados, mas não puderam passar de fase e para não desestimular os estudantes, os organizadores decidiram criar a medalha escolar, uma maneira de premiar os alunos das escolas classificadas. Disputaram a segunda fase final, 3 mil classes e 30 conquistaram a medalha de diamante, o prêmio máximo.
Premiação Geral:
Diamante – Excelência Máxima (Top Brasil)
30 equipes atingiram esse feito raro.
• Centro Educacional Quasar (GO) – 3 medalhas
• Escola Municipal Nossa Senhora de Lourdes (PI) – 2 medalhas
• Colégio Militar de Fortaleza (CE) – 2 medalhas
• Colégio Planck (SP) – 2 medalhas
• Escolas públicas ganharam 16 diamantes
Ouro
• Colégio Militar de Brasília (DF) – 5 medalhas
• Escola Pan Americana da Bahia (BA) – 3 medalhas
• Colégio Santo Agostinho – BH (MG) – 3 medalhas
• Colégio Militar de Manaus (AM) – 3 medalhas
• Maple Bear (ES, MG, SP) – várias unidades premiadas
Prata
• Dom Bosco (MA) – 6 medalhas
• Colégio Loyola (MG) – 5 premiações
• Colégio Magnum (MG) – 5 medalhas
• Colégio Militar de BH (MG) – 3 medalhas
• Colégio Êxito do Cariri (CE) – 2 medalhas
Bronze
• Colégio Marista de Maceió (AL) – premiado em quase todas as séries
• Rede de Colégios da Polícia Militar (CE, GO, MA, MG, DF) – ampla presença na premiação
• Instituto Federal do Amazonas (IFAM) – destaque recorrente
Menção Honrosa – Reconhecimento ao Esforço
• Premiação para equipes que demonstraram superação, originalidade e dedicação
• IFs, escolas municipais e estaduais se destacaram com excelente participação
Destaques Regionais
Norte
Amazonas – Colégio Militar de Manaus premiado em todas as categorias; IFAM Parintins com prata, bronze e menção honrosa
Amapá – IFAP Macapá – prata e bronze
Rondônia, Roraima, Acre e Tocantins: Participações crescentes, com escolas públicas sendo premiadas com menção honrosa
Nordeste
Ceará: Um dos estados mais premiados do país – Barbalha, Fortaleza e Juazeiro do Norte com dezenas de premiações em todas as categorias
Maranhão: forte presença da rede pública estadual e IEMAs – Destaque para Penalva e Santa Luzia (diamante e ouro)
Piauí: Escola Nossa Senhora de Lourdes (Campo Maior) com 2 medalhas diamante; CEV Colégio em Teresina com diamante no 1º ano
Bahia: Escola Pan Americana da Bahia lidera entre as particulares
Pernambuco: Colégio Núcleo de Recife medalha diamante
Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas: bons resultados com ampla participação da rede estadual e militar
Centro-Oeste
Distrito Federal: colégios Militares (Brasília e Tiradentes) entre os mais premiados
Goiás: Colégio WRJ e Centro Educacional Quasar acumulam medalhas nas cinco categorias
Mato Grosso do Sul: Colégio Militar de Campo Grande medalha diamante
Sudeste
Minas Gerais: Estado mais premiado do país – Destaques para CEFET-MG, Colégio Loyola, Colégio Santo Agostinho, Tiradentes e Santa Maria
São Paulo: Colégio Planck, Colégio Ábaco, Embraer e Anglo Sorocaba com múltiplas medalhas
Rio de Janeiro: Colégio Militar com medalha diamante
Espírito Santo: Maple Bear Vila Velha e outras escolas particulares com bom desempenho
Sul
Rio Grande do Sul: Colégio Militar de Porto Alegre medalha diamante
Santa Catarina: Destaque para a EMEB Marechal Rondon em Criciúma
Paraná: Crescente presença da rede estadual e particular
Destaques por Tipo de Escola
Escolas Públicas Estaduais e Municipais
Forte presença no pódio, especialmente nas regiões Norte e Nordeste
Exemplos de excelência:
E. E. Sant’Ana (MG) – premiações em todas as categorias, incluindo diamante
Escola Municipal Nossa Senhora de Lourdes (PI) – diamante em 2 séries
Escolas estaduais militares (CE, AM, MA, GO) – destaque em todas as medalhas
Institutos Federais
Presença em todas as regiões
Premiações especialmente fortes nas categorias prata e menção honrosa
Escolas Particulares
Destaque nacional em todos os níveis, incluindo escolas bilíngues e internacionais
Colégios como Planck (SP), Pan Americana (BA), Loyola (MG), Magnum (MG) e Maple Bear (várias unidades) estão entre os mais premiados
Acesse todos os resultados da Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras
Outras competições
A seleção para participar da OIMSF é feita a partir de outras competições internacionais presenciais no exterior, como International Talent Mathematics Contest (ITMC), World Mathematics Invitational (WMI) e Asia International Mathematics Olympiad ( AIMO), organizada pela Rede POC
A OIMSF é a seção brasileira do evento internacional Mathématiques sans Frontières, criado pela Académie de Strasbourg, Inspection Pédagogique Régionale de Mathématiques e IREM (Institut de Recherche sur l’Enseignement des Mathématiques), órgãos ligados ao Ministério da Educação francês.