Escola Tarsila do Amaral amplia ações de educação antirracista em SP 

A discussão sobre diversidade e representatividade já faz parte da rotina da Escola Tarsila do Amaral, situada na zona norte de São Paulo, há muitos anos. O tema sempre esteve presente em atividades pedagógicas e encontros com famílias, mas foi em 2023 que a escola decidiu dar um passo além: estruturar um programa mais consistente de educação antirracista, com formações para professores, materiais específicos e a parceria de uma consultoria especializada. 

A decisão reflete um desejo antigo da instituição de se preparar para lidar com a diversidade de forma intencional. “Sempre trabalhamos para que nossas crianças crescessem em um ambiente de respeito e pluralidade. A diferença é que agora temos um olhar mais profundo, com estudo sistemático e acompanhamento profissional”, explica Patrícia Bignardi, coordenadora pedagógica. 

Entre os primeiros movimentos estiveram a ampliação de repertórios culturais, com a aquisição de bonecas pretas, livros com protagonistas negros e atividades que valorizam culturas africanas e afro-brasileiras. Logo, professores e coordenadores também criaram um grupo de estudos para compartilhar artigos, vídeos e conceitos ligados ao racismo estrutural, identidade e pertencimento. 

O processo ganhou consistência com a chegada da Inaperê, consultoria especializada em educação antirracista. Desde então, a equipe pedagógica participa de encontros regulares de formação, enquanto as famílias são envolvidas em rodas de conversa e questionários que ajudam a mapear percepções e abrir espaço para diálogo. “O posicionamento da escola é claro. Queremos aprender, transformar práticas e compartilhar esse caminho com a comunidade”, afirma Patrícia. 

Na Educação Infantil, o tema aparece em atividades lúdicas, como lendas africanas, culinária e literatura, sempre valorizando a admiração cultural como caminho para combater preconceitos. Já no Fundamental 1, professores trabalham situações concretas de racismo que surgem entre as crianças e discutem coletivamente como agir de forma pedagógica. 

O maior desafio, reconhece a coordenadora, é ampliar o repertório histórico e cultural afro-brasileiro entre os educadores. “Nossa formação foi muito centrada na cultura europeia. Por isso, o estudo se torna fundamental para que possamos incluir novas referências de forma natural e consistente”, diz. 

A experiência já mostra sinais de mudança, com professores mais atentos e dispostos a agir diante de situações que surgem no cotidiano escolar. Para os próximos anos, a Tarsila planeja rever currículo e calendário, de modo que a perspectiva antirracista esteja presente em todas as áreas da escola. 

Segundo Patrícia, o caminho é contínuo. “Não se trata de um projeto pontual, mas de um compromisso permanente. Queremos que cada criança viva a escola como um espaço onde a diversidade não apenas existe, mas é valorizada como parte essencial da formação.”