Ano letivo termina com 244 mil estudantes fora das escolas

Matéria original – https://emais.estadao.com.br/blogs/kids/ano-letivo-termina-com-244-mil-estudantes-fora-das-escolas/

Como as diretoras das escolas Tarsila do Amaral, Equipe e Carandá Educação definem o ano que passou

Depoimento da diretora geral da Escola Tarsila do Amaral, Danyelle Marchini – Quando um ano letivo começa, os nossos sonhos se renovam: ficamos cheias de ideias, com o calendário recheado, muito planejamento, eventos, expectativas, experimentos. Mas não foi assim em 2021. Começamos o ano com muitos medos e protocolos a seguir, salas divididas, dívidas e dúvidas.
No primeiro dia de aula em fevereiro, parecia que estávamos numa maratona, as crianças corriam sem parar, lembro de fazer uma analogia a uma mola, era como se elas estivessem presas e de repente tivessem se soltado. Emoção, toques, piscadinhas e uma nova forma de sorriso: rir com o olhar. Abrimos!
Quando começamos a engatinhar nisso tudo, fechamos de novo. Novo desespero! O on-line, já nosso conhecido àquela altura, retoma com toda sua força… Reabertura e, enfim, a tão esperada vacina.
Os educadores vacinados trouxeram vida a uma nova fase, com aulas presenciais, e a realização do nosso grande desejo: todas as crianças na escola!
Dezembro de 2021 com sensação e cara de dezembro de 2019, planejando e sonhando com 2022. Torcendo para que esse vírus enfraqueça e de uma vez desapareça!

Depoimento da diretora escolar do Colégio Equipe, Luciana Fevorini – Foram tantos contextos diferentes vividos ao longo do ano. No início aulas remotas, depois com revezamento e só agora, no último mês, conseguimos ter uma rotina mais próxima do que era a escola antes da pandemia.

Nosso grande desafio é instituir um ritmo mais coletivo de trabalho. Retomar ou mesmo criar procedimentos escolares.

Esse tempo de pandemia fez a escola mudar muito a sua prática. Agora temos que avaliar quais dessas mudanças foram boas e devem ser mantidas, e quais devem ser retomadas.

Depoimento da diretora geral da Carandá Educação, Cristina Dunker – 2021 foi um ano intenso! Vivemos muitos diferentes desafios:
Começamos o ano presencialmente com parte dos alunos, tendo que montar um planejamento que garantisse a aprendizagem de todos, com alguns vindo à escola parte do tempo e outros ficando exclusivamente on-line. Todas as soluções pareciam igualmente insuficientes, para estudantes, equipe docente e famílias. O foco maior da Carandá foi seguir com o lema de “nenhum a menos” com os professores atentos a cada um, suas particularidades, potências e dificuldades, tanto as relativas à continuidade e acompanhamento das propostas de ensino quanto à manutenção do vínculo e pertencimento ao grupo, tendo que enfrentar o isolamento forçado com suas sobrecargas psíquicas.
Ainda que tenhamos vivido numa gangorra de decisões governamentais, sempre na urgência dos replanejamentos, tendo períodos que oscilavam entre voltarmos ao online e retornarmos gradativamente e com grupos alternados, o foco continuou o mesmo. As avaliações contínuas do aprendizado possibilitaram que os professores replanejassem constantemente suas intervenções, visando aproximações não somente com o conteúdo das matérias, mas também com o conteúdo do(s) sujeito(s) e do contexto de vida que tanto nos afetou.

No retorno, a alegria incontrolável do reencontro foi sendo substituída aos poucos pela constatação das “delícias e das dores” de reaprendermos a viver no coletivo. Os corpos e as capacidades relacionais estavam enferrujados, a retomada dos rituais e rotinas escolares (regradas por protocolos sanitários importantes para preservar a saúde de todos e de todas) e a sede pelo contato e por uma vida “normal” cobraram ainda muitos esforços – dos alunos e alunas – com as particularidades e diferenças de cada idade – e da equipe escolar como um todo. E foi através dessa retomada gradativa (incialmente contida, passando a agitada e desordenada em alguns momentos), que fomos nos restabelecendo em nosso espaço comum. Esse retorno exigiu muitos diálogos, leituras e análises do contexto, dos fenômenos que observávamos nesse novo modo de habitar a escola, de convivência coletiva (depois de termos passado tanto tempo isolados em nossa bolha domiciliar), exercitando as negociações entre todos (famílias, alunos, professores, equipe de apoio da escola).

Durante o enfrentamento de tudo isso, foi fundamental ouvir nossos alunos – na escuta e também acompanhando suas produções. Os professores foram peça fundamental para isso, com sua inteireza e desejo de estar junto e de ensinar.
Ao final do ano, colhemos excelentes produções textuais, artísticas e relacionadas às ciências, que nos dão a medida do quanto aprenderam durante todo o ano, mostrando-se ainda mais potentes na lida com os fenômenos que os atravessam de maneira intensa e produtiva.

Depoimento da diretora escolar do Colégio Equipe, Luciana Fevorini

Foram tantos contextos diferentes vividos ao longo do ano. No início aulas remotas, depois com revezamento e só agora, no último mês, conseguimos ter uma rotina mais próxima do que era a escola antes da pandemia.

Nosso grande desafio é instituir um ritmo mais coletivo de trabalho. Retomar ou mesmo criar procedimentos escolares.

Esse tempo de pandemia fez a escola mudar muito a sua prática. Agora temos que avaliar quais dessas mudanças foram boas e devem ser mantidas, e quais devem ser retomadas.

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