Pesquisa do IBGE revela o tamanho da desigualdade que a educação brasileira ainda enfrenta
A Pnad Educação, feita uma vez por ano, traça um panorama do sistema de ensino no Brasil. Segundo o levantamento, pela primeira vez, mais da metade da população brasileira de 25 anos ou mais terminou o ensino médio.
Matéria publicada pelo G1 em 07/06/2023 (ASSISTA AO VÍDEO COMPLETO)
O IBGE divulgou nesta quarta-feira (7) um quadro das desigualdades na educação.
Escrever o próprio nome corretamente é a primeira vitória do pintor e estudante Raimundo da Silva. Ele nasceu na Paraíba e, na época, o estudo não era prioridade na família de vida tão difícil.
“Com 10 anos, eu parei porque tinha que trabalhar. Vendia tapioca, cocada, essas coisas assim, e vendia”, conta.
Agora, aos 53 anos, ele voltou para a escola.
A dificuldade que tirou Raimundo da sala de aula ainda existe Brasil afora. Em 2022, 40% dos jovens deixaram o estudo por necessidade de trabalhar. Esse dado faz parte da Pnad Educação, que traça um panorama do sistema de ensino no país.
A pesquisa do IBGE traz boas notícias. Pela primeira vez, mais da metade da população brasileira acima de 25 anos terminou a educação básica, ou seja, concluiu o ensino médio. O analfabetismo caiu de 6,1% em 2019 para 5,6% em 2022.
Mas há um problema que ainda grita nas salas de aula do Brasil: a desigualdade. Entre os brasileiros pretos e pardos, 7,4% são analfabetos, mais que o dobro da população branca.
O abandono escolar também é um sintoma da desigualdade. Sete em cada 10 jovens que não completaram o ensino médio são pretos ou pardos.
“Nós temos que ir mais rápido, nós temos que pensar grande, porque senão é mentira que estamos construindo igualdade de oportunidade. Não se constrói um desenvolvimento inclusivo sem todos estarem na escola com chances de aprender”, afirma Claudia Costin, especialista em educação e presidente do Instituto Singularidades.
A estudante Camila Santos está escrevendo uma nova história. Ela se forma em 2023 em engenharia de produção. Será a primeira da família a ter curso superior.
“Eu acredito e sigo este caminho e tento incentivar, inspirar, e motivar quem está comigo também, principalmente a minha família”, diz Camila.
A mãe dela, a diarista Ângela Maria, foi a primeira a se inspirar. Aos 48 anos, acaba de concluir o ensino médio.