Alimentação e aprendizagem: a experiência da Escola Tarsila do Amaral em combater a obesidade infantil
Nós somos o que comemos! Essa é a famosa frase do pai da medicina ocidental, Hipócrates. Do ponto de vista físico, químico e biológico, sabemos que é dos alimentos que tiramos as moléculas que depois se reorganizam formando nosso corpo. Mas o ato de comer é mais do que isso. Envolve relações sociais e questões culturais, econômicas e religiosas. No entanto, com a evolução das indústrias e transformações da sociedade, a comida passou a ser embalada em pacotes padronizados e disfarçadas em coletâneas de nutrientes.
Uma notícia publicada hoje (19/10) no jornal Folha de S.Paulo – Sete em cada dez escolas de São Paulo estão cercadas por ‘pântanos alimentares’ – baseada em estudos, afirma que a oferta de comida ultraprocessada no entorno – até 250 metros – das escolas públicas e privadas, favorece o aumento da obesidade entre crianças e adolescentes.
Apesar dos estudos, existem escolas que consideram a boa alimentação dos alunos fundamental para o desenvolvimento da sua aprendizagem.
“Formar um aluno saudável faz parte da pedagogia da nossa escola”, conta a nutricionista Danila Graciano Soares, da Escola Tarsila do Amaral, em São Paulo. Ela explica que quando as famílias matriculam seus filhos, têm de preencher uma anamnese que conta muito sobre os hábitos alimentares daquele núcleo familiar.
Se o hábito alimentar da família não está de acordo com o que a escola acredita como uma alimentação saudável e adequada para o bom desenvolvimento da criança, a equipe multidisciplinar da escola chama a família para conversar e fazer as orientações.
Na Tarsila, o almoço das crianças e funcionários é preparado pela cozinha da escola. São nove cardápios diferentes, todos os dias, para atender as necessidades e filosofia alimentar de cada família. “Fazemos cardápios especiais para aqueles alunos que necessitam de alimentação especial, mas não repetimos carboidratos e oferecemos quatro frutas diferentes que eles comem com casca, todos os dias”, diz Danila.
O resultado desse trabalho cuidadoso se reflete no perfil dos alunos da Tarsila. A escola não tem nenhum caso de obesidade entre as crianças. Danila explica que a relação dos alunos da Tarsila com os alimentos começa ainda quando são bebês, quando os sentidos estão sendo ampliados através do tato, do olfato, do paladar e da visão.
Quando maiores, começam a se relacionar com a grande horta da escola e as inúmeras possibilidades de formatos e sabores de cada alimento. “Servimos os alimentos separados para que as crianças identifiquem cada um deles”, conta a nutricionista. Para ela, é papel da escola ensinar as crianças a pensarem criticamente e fazerem suas escolhas de maneira consciente. Para isso, é preciso que conheçam, vivenciem e falem sobre.