Estudo das Nações Unidas divulgado nesta semana adverte que as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera se mantêm em níveis sem precedentes e alerta o planeta para os perigos do aquecimento global. Ambientalistas, líderes indígenas e profissionais da educação culpam a espécie humana e seus maus hábitos de consumo pelos fenômenos meteorológicos extremos e devastadores em todo o planeta, com efeitos cada vez mais graves nas áreas econômica e social.
A tragédia climática tem provocado as escolas a discutirem com seus alunos o papel da humanidade na Terra. O documentário Agenda 2030, de Eduardo Goldenstein, disponível na plataforma de streaming educativo Tamanduá Edu, é um disparador que instiga alunos e professores a refletirem sobre a crise ambiental e a urgência de preservar as florestas.
“Quando a humanidade está lucrando, ninguém pensa na saúde do planeta. Perfuram o mar para tirar petróleo, acabam com as vidas nos oceanos e só prestam atenção à terra quando as tragédias começam a acontecer”, diz o filósofo e líder indígena, Ailton Krenak no documentário Agenda 2030 .
“Os jovens de hoje não podem ser responsabilizados pela situação em que se encontra o planeta, que já sofreu mudanças milhões de vezes. Temos que ensinar aos nossos alunos a como conviver bem nele e, para isso, tem de conhecer melhor a terra”, diz Antonio Carlos Carvalho, professor de geografia do Colégio Equipe.
Ele explica que há mais de 30 anos o Equipe trabalha a temática ambiental em sala de aula. “Discutimos a poluição. Por que ela existe? Nós gostamos dela? Se não gostamos, por que a produzimos? Pelo modo de vida, pela comodidade, pelo hábito de consumo. Nossos alunos têm consciência de que menos é mais. Que o carro é um problema sério, que devem consumir diferente e a conviver bem com outras espécies. Não adianta reciclar lixo, se não ocorrerem mudanças de hábitos”, alerta.
Professor de geografia do 8º ano na Escola Nossa Senhora das Graças (Gracinha), Pedro Ferreira, conta que o eixo temático trabalhado com os alunos durante todo ano é “Preservar Para que?” e “Preservar para quem?” tendo como pano de fundo a crise climática e energética. “Os alunos analisam o impacto do ser humano na terra e desenvolvem uma proposta de jornal do futuro, que projeta o cenário daqui 50 anos”, afirma.
“Os alunos do ensino médio estão analisando o consumo de energia das suas casas no último ano, e classificando os aparelhos que mais consomem. A ideia é levantarem um diagnóstico de consumo e criarem ações que promovam a diminuição do consumo energético em pelo menos 20%”, conta a o professor de ciências da natureza do ensino médio do Gracinha, Renan Nilnitsky.
Na Carandá Educação, alunos de F2 e ensino médio criaram no instagram o coletivo @cvvsustentavel onde mobilizam seus seguidores a pensarem nas problemáticas do clima, da relação do homem com a natureza e da urgência nas mudanças dos hábitos. Segundo a diretora Milena Palma, “está no DNA da escola trabalhar para a saudável relação do homem com o planeta terra. A Carandá acabou de mudar para um endereço novo, todo projetado para o bom aproveitamento dos recursos naturais”.
As escolas que trabalham com as crianças pequenas também estão atentas à degradação do nosso planeta. A coordenadora pedagógica da Escola Tarsila do Amaral, Patricia Bignardi, explica que as alunas e alunos têm em sua rotina a alimentação do minhocário, a produção de chorume e o cuidado com as hortaliças e as árvores frutíferas da escola. “Cuidar do clima não é uma escolha pedagógica, mas algo necessário para que as gerações futuras possam viver cada vez mais em harmonia com o meio ambiente. A consciência sustentável nasce do convívio entre as crianças e a proximidade com a vida proporciona cuidado, proteção e preservação”, diz.
No Centro Educacional Pioneiro, os alunos começam, a partir do fundamental 1, a desenvolver projetos que conscientizam sobre os bons hábitos de consumo e dão luz à sustentabilidade ambiental, social e econômica. “Nossos alunos reduzem os resíduos que vão para o descarte. Produzem sabão com o óleo que sobra da cozinha, fazem almofadas com tecidos impermeáveis de guarda-chuvas quebrados e com retalhos de tecidos confeccionam suportes para o celular”, conta a coordenadora de ciências, Marcia Sakay. Segundo ela, as atividades são pequenos exemplos de um trabalho de respeito ao planeta terra que permeia todo o currículo do Pioneiro.