Tudo aquilo que dá visibilidade à arte cotidiana, espalhada pelas ruas, pode ser transferido e adaptado para realidade escolar.

Tudo aquilo que dá visibilidade à arte cotidiana, espalhada pelas ruas, pode ser transferido e adaptado para realidade escolar.

Matéria publicada pela PORVIR em 29/07/2022 – Experiência didática Arte Urbana, da Maratona Ação Criativa, encoraja diferentes expressões artísticas a partir de vivências nos territórios e nas comunidades escolares

Que a arte é um meio de expressão pessoal não é novidade. Mas e se essa manifestação humana fosse utilizada em sala de aula como estratégia para abordar outros conteúdos e conceitos curriculares e despertar mais interesse dos estudantes? Esse é o fio condutor da experiência didática (ED) Arte Urbana, uma das propostas que compõem a Maratona Ação Criativa, programa homônimo criado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) com parceria técnica da RBAC (Rede Brasileira de Aprendizagem Criativa) e Fundação Lemann. 

A experiência tem como objetivos identificar expressões artísticas da arte urbana no território, criar oportunidades para tornar a escola um local de interação, integração cultural e social, promover iniciativas de pesquisa sobre as memórias e história dos moradores do bairro e estimular os alunos a expressar seus sentimentos a partir das linguagens que caracterizam a arte urbana. 

“Tudo aquilo que dá visibilidade à arte cotidiana, espalhada pelas ruas, pode ser transferido e adaptado para realidade escolar. Desenhos geralmente são os que primeiro aparecem, como o grafite, grafismo, arte em colagem, mas qualquer tipo de manifestação que surge dentro de um território pode ser uma atividade”, ressalta Lúcia Maria de Morais, professora do 5º ano ensino fundamental do Centro Educacional Pioneiro, em São Paulo, responsável pela experiência didática. 

Arte e pertencimento

Segundo Lúcia, é por meio da pluralidade de linguagens dentro das expressões artísticas vivenciadas na arte urbana que os e as estudantes podem se conectar com seu território e expressar seus desejos, críticas e sugestões relacionadas a alguma temática, o que aumenta as chances do sentimento de pertencimento àquele espaço.

“Essa liberdade criativa permite a exploração de pertencimento daquele território e suas manifestações de acordo com o querer individual ou coletivo daquela turma, entre aquele grupo e a comunidade. A sensação de pertencimento à região, cidade ou bairro traz um questionamento sobre sua cultura e o querer ser participativo nas mudanças e transformações daquilo que é vivenciado no seu dia a dia, estimulando o debate e a exposição de diferentes pontos de vista.” 

Seja em propostas de trabalho individual ou coletivo, Lúcia explica que os estudantes conseguem, a partir de objetivos comuns, perceber que são parte do território e da cultura ali vigente. “Os jovens conseguem se manifestar entre afetos e desafetos do que ali vivenciam, sua identidade se torna real fortalecendo sua autoestima, autoconfiança e até visão de futuro.”

Múltiplas possibilidades 

Criada para estimular a imaginação a partir de narrativas, identificação de problemas ou desafios, a experiência didática conta com propostas que trazem temáticas diversificadas, abertas, flexíveis e acessíveis a partir de diferentes formas de expressão artística: desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia que podem se relacionar às linguagens oral, visual, motora, escrita, corporal, sonora e digital. 

A Experiência Didática Arte Urbana, bem como todas as outras EDs da Maratona Ação Criativa, são conectadas aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e às competências da BNCC (Base Nacional Comum Curricular)

Nesse caso, a proposta trabalha os ODS 4 (Educação de Qualidade)10 (Redução das Desigualdades) 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), a partir do exercício das competências: conhecimento, repertório cultural, comunicação, cultura digital, autoconhecimento e autocuidado e autonomia.

A atividade pode ser trabalhada de forma multi e interdisciplinar nos componentes de língua portuguesa, arte, história, geografia e educação física. Entre os exemplos de práticas, estão escolher uma técnica de expressão artística pouco experienciada pela turma, fazer um percurso pelo entorno da escola para descobrir artistas de rua do território, declamar poemas, experimentar diferentes expressões artísticas e relacioná-las a dimensões da vida social, cultura e política, identificar no espaço público diferentes manifestações culturais, identificar e diferenciar danças criativas, entre outros. 

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