Inserção digital: alunos da rede pública aprendem sobre robótica educacional
Matéria publicada na GZH em 17/04/2023
Conforme dados do Centro de Inovação para a Educação Brasileira (CIEB), a maioria das iniciativas de robótica tem como público-alvo alunos do Ensino Fundamental (65%) e estudantes do Ensino Médio (26%). Usos de robótica em ambos os casos (Fundamental e Médio) contabilizam 6%, enquanto apenas 3% representam iniciativas destinadas a alunos da Educação Infantil.
Diante deste cenário, o projeto Aprendizes – Digital oferece oficinas semanais de robótica educacional para a rede pública de ensino por meio do patrocínio da Braskem, empresa petroquímica de atuação global. A ação promove a inserção digital de maneira lúdica para estimular a criatividade, introduzindo conceitos básicos sobre robótica e programação e sua ampla atuação no campo das artes visuais.
A proposta surgiu em 2019 quando a Muda Cultural buscava ampliar o seu portfólio de projetos formativos e educativos. A agência compreendeu que havia duas demandas de mercado: a carência de projetos socioculturais com foco em atividades de programação, robótica e artes visuais, e o desejo da iniciativa privada de apoiar projetos com foco na potencial formação de mão de obra qualificada para os seus negócios.
Em 2023, o Aprendizes – Digital chega a sua terceira edição e está presente na cidade de Nova Santa Rita. Alunos do 3º ao 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Rita de Cássia serão contemplados com oficinas durante todo o ano e os docentes da escola terão encontros mensais de formação. Entre os professores, serão trabalhadas as possibilidades de inserção da tecnologia e programação em seus planejamentos regulares.
Em entrevista, o gestor cultural da Muda Cultural, Ítalo Azevedo, comenta sobre essa forma de aprendizagem e explica mais sobre o projeto.
De que forma a programação e a robótica podem fazer a diferença na Educação Básica?
O Aprendizes – Digital compreende a tecnologia como uma ferramenta que desperta novas possibilidades para o fazer criativo. Por isso, utiliza as possibilidades do mundo digital para a promoção da arte e da cultura, contribuindo para a construção de novas oportunidades e caminhos nos âmbitos social e profissional de estudantes e professores.
Em um primeiro momento, o professor promove um espaço de contextualização, em que apresenta conceitos relacionados ao robô que será construído pelos alunos a cada dia, bem como interlocuções entre esses conceitos e obras, movimentos e gêneros das artes visuais. Em seguida, divididos em trios ou duplas, os alunos investigam a apostila do projeto, que indica o passo a passo para a montagem e a programação do robô. Com isso finalizado, os alunos partem para a etapa de programação e, então, divertem-se com seus robôs em ação.
As montagens são feitas a partir de kits da LEGO® Education, compostos por algumas peças típicas dos conjuntos tradicionais da marca, além de outras bem específicas, como as estruturas inteligentes que possibilitam a programação das ações que o robô realizará.
A metodologia das oficinas de robótica é baseada no trabalho em equipe. Segundo a Robomind, empresa de robótica educacional parceira do projeto e responsável por ministrar as oficinas, o trabalho em equipe acontece quando um grupo resolve criar um esforço coletivo para resolver um problema. Isso, em si, já possibilita a troca de conhecimento e a agilidade no cumprimento de metas e objetivos compartilhados, uma vez que otimiza o tempo de cada pessoa e, ainda, contribui para a criação de novas relações interpessoais e o desenvolvimento de novas tarefas.
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Como tem sido o engajamento da sociedade com essa ação?
A sociedade civil e o poder público têm sido grandes parceiros do Aprendizes – Digital. Celebrando o início do projeto em Nova Santa Rita, a EMEF Santa Rita de Cássia organizou uma cerimônia de abertura para comemorar a aula inaugural, ambas realizadas no dia 7 de março.
Mais de 100 estudantes participaram do evento, que contou também com a presença da Secretária da Educação da cidade, Maria Rita Feijó, do presidente da Câmara de Vereadores, Rodrigo Aveiro, de Jeferson Santos da Conceição, representante da patrocinadora Braskem, e da Robomind.
Em outras edições, tivemos eventos de encerramento com exposições dos robôs e projetos para que pais e responsáveis pudessem conhecer de perto as atividades executadas em aula. Além da exposição, todos os alunos do projeto receberam certificados de participação.
Tem sido, portanto, uma grande troca entre as escolas e as instituições atendidas, o poder público, estudantes e seus tutores. Além, é claro, da Muda Cultural e da Robomind, coordenadora pedagógica da iniciativa.
Quais são os principais resultados alcançados até o momento?
O projeto soma duas edições. A primeira viabilizada em São Paulo, pelo Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (Pro-Mac), em 2021, e a segunda pela Lei Federal de Incentivo à Cultura (LIC), em 2022. Este ano, o projeto está em sua terceira edição, viabilizada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura e pelo Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo.
Segundo relatos de diretores, professores e alunos, após o recebimento do projeto foi possível perceber um aumento considerável no índice de aprendizagem das crianças e dos adolescentes, bem como melhorias em fatores como raciocínio lógico, capacidade para trabalhar coletivamente, além de fortalecimento de fatores socioemocionais como empatia, paciência e autoestima.
Pensando na perenidade do projeto, ao final de cada ciclo são doados às instituições os kits da LEGO® Education e tablets utilizados ao longo do trabalho, o que permite que os colégios deem seguimento ao ensino de robótica para outros estudantes e docentes.
Ao final de 2023, o Aprendizes – Digital terá atendido mais de 600 alunos e 100 professores. Além de ter passado por cinco instituições públicas em São Paulo e no Rio Grande do Sul e realizado a doação de 18 kits LEGO® Education e tablets.
Quais são as próximas ações deste projeto?
Ainda em 2023, lançaremos uma série de videoaulas para que diferentes públicos – não apenas os que são atendidos pelo projeto – tenham acesso aos temas das oficinas. Pretendemos também promover uma cerimônia de encerramento em dezembro celebrando com estudantes e professores que fizeram parte das atividades do projeto e de seu enorme avanço coletivo.
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